Natália Faria, in Jornal Público
Se o Governo não fizer uma aposta forte na recuperação de edifícios, o desemprego na construção civil vai duplicar. Até Setembro, "trinta mil postos de trabalho vão desaparecer", num sector que já soma 39 mil desempregados. Deste universo, alertou ontem o Sindicato da Construção do Norte, "dez mil não têm direito a subsídio de desemprego porque trabalhavam sem descontar".
Numa conferência de imprensa realizada em frente a um dos sete mil prédios que estão degradados na cidade do Porto, o presidente daquele sindicato, Albano Ribeiro, considerou que a recuperação dos fogos devolutos permitiria "criar de imediato quarenta mil novos postos de trabalho". Daí que o sindicato tenha iniciado ontem uma campanha que inclui a colocação de 200 cartazes com fotografias de casas degradadas.
"O poder central e local podem ser responsáveis por evitar a maior crise do sector que vai gerar endividamento, miséria e violência em milhares de famílias", alertou, considerando que o investimento nas obras públicas "é importante, porque poderá criar cinco mil postos de trabalho até ao fim do ano". Porém, não chega. "São precisos pelo menos 40 mil novos postos de trabalho." Em nome do combate à exploração de mão-de-obra, Ribeiro considera que, das 62 mil empresas existentes no sector, 30 mil deviam desaparecer. "Nunca tiveram alvará e nunca pagaram ao fisco nem à Segurança Social", acusou.