10.12.09

Economia cresce mais devagar

Lucília Tiago, in Jornal de Notícias

Uma evolução do comércio internacional menos positiva do que se esperava levou ontem o INE a rever em baixa o crescimento (homólogo e em cadeia) da economia, no terceiro trimestre. José Sócrates desvalorizou.

A economia portuguesa registou uma queda homóloga de 2,5% no terceiro trimestre deste ano, tendo crescido 0,7% em relação ao trimestre imediatamente anterior, revelou ontem o Instituto Nacional de Estatística. Em ambos os casos, o INE contabiliza agora uma evolução menos positiva de 0,1 pontos percentuais e 0,2 pontos percentuais, respectivamente, do que a situação reportada na sua "Estimativa rápida" (ER), divulgada a 13 de Novembro.

Apesar desta revisão em baixa, que se deve "sobretudo a informação mais actualizada do comércio internacional", a economia portuguesa manteve-se em terreno positivo pelo segundo trimestre consecutivo, na evolução em cadeia, uma vez que, face a 2008, o país continua em recessão.

Confrontado com esta revisão em baixa, o primeiro-ministro desvalorizou-a, fazendo notar que Portugal registou um dos maiores crescimentos a nível da União Europeia. "As diferenças entre a estimativa rápida e as Contas Nacionais Trimestrais são de uma ou duas décimas para cima ou para baixo. Não estou preocupado", precisou José Sócrates lembrando que as CNT do segundo trimestre reportaram uma revisão em alta face à correspondente ER.

Os dados do INE mostram que o impacto da procura interna no crescimento da economia foi ainda negativo no terceiro trimestre, mas menos do que no trimestre anterior, o que ficou a dever-se "em larga medida ao comportamento menos negativo do investimento". Já a procura externa líquida (ou seja as exportações líquidas de importações), se manteve positiva (em termos homólogos), mas evidenciou um abrandamento face ao trimestre anterior. Foi este dado que levou o INE a reportar agora uma quebra do PIB de 2,5%.

As despesas de consumo das famílias também contribuíram de forma negativa para o andamento da economia, reflectindo um aperto nos gastos dos particulares. Por comparação com 2008, as famílias continuam a retrair-se nos consumo de bens duradouros (ainda que menos que no trimestre anterior). Já nos bens não duradouros (como a alimentação), há uma subida homóloga de 0,4% mas que evidencia um abrandamento face aos 1,1% observados em Junho.