14.12.09

Perto de 45 mil utentes atendidos nos Cuidados Continuados

in Jornal de Notícias

Rede de Cuidados Continuados continua aquém das necessidades, admitem autoridades de saúde.

Em três anos, as perto de quatro mil camas da Rede Nacional de Cuidados Continuados receberam quase 45 mil utentes. As autoridades de saúde apontam os ganhos alcançados, mas admitem que estão aquém do necessário.

Nas vésperas de assinalar os três anos da criação da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI), a coordenadora do programa, Inês Guerreiro, faz um "balanço positivo" de uma medida que partiu "praticamente do zero".

"Criámos em três anos, a nível de unidades de internamento, 3930 camas, onde tratámos 44. 569 utentes até ao dia 30 Novembro", tendo sido criados sete mil postos de trabalho, disse Inês Guerreiro à Lusa. No entanto, ainda há mil pessoas em lista de espera. "Há uma grande carência de resposta a esta população", porque "este nível de cuidados não existia nem no Serviço Nacional de Saúde, nem na Segurança Social".

"Havia hospitais que se destinavam à cura ou estabilização da doença e lares que recebiam pessoas que não tinham condições para estar em casa, mas não havia um nível intermédio de cuidados, dedicado à readaptação das incapacidades e à reinserção das pessoas em casa". Mas são necessárias mais respostas, não só em unidades de internamento, mas sobretudo a nível do apoio domiciliário de saúde e do apoio social.

Já estão em funcionamento 87 equipas de apoio domiciliário, uma em cada Agrupamento de Centros de Saúde (ACES), das quais 19 estão a prestar cuidados paliativos. "Houve um ganho muito grande, embora muito aquém do necessário, até porque ainda estamos a um terço da construção da rede", admitiu, sublinhando o esforço que está a ser feito para antecipar a conclusão da RNCCI para 2013, três anos antes do previsto, com dez mil camas.

A ministra da Saúde também reconheceu muito recentemente que há "atrasos e dificuldades a ultrapassar", nomeadamente a falta de camas, a carência de equipas nos ACES para apoio domiciliário e a ainda deficiente resposta aos doentes que necessitam de cuidados paliativos. Para se chegar às dez mil camas, Inês Guerreiro disse que foram criados dois programas de financiamento a fundo perdido, denominados "programa modelar".

As maiores dificuldades de implementação da rede sentem-se nos grandes centros urbanos. Lisboa é a cidade "com mais difícil implementação de resposta, porque a valorização dos terrenos é muito alta, a construção é muito mais cara e existem muito menos investidores interessados em pertencer à rede", lamenta Inês Guerreiro. Mas a situação está a ser colmatada com um protocolo com a Câmara, que permitirá oferecer mil camas dentro de dois anos.

Para a coordenadora da RNCCI, o caminho percorrido é grande. "Eu costumo dizer que, quando não há nada, não há necessidades, ninguém se interroga. Quando começa a haver resposta tudo emerge no terreno".