in Jornal Público
De vez em quando surgem rumores da intenção oficial, sempre desmentida, de privatização dos centros de emprego. Mas a realidade é que, segundo os dados do INE, a função de colocação de pessoal ainda é muito assente nos esforços individuais.
Na última década e meia, os centros de emprego ganharam algum papel, embora representem, ainda, uma taxa diminuta na colocação do total das pessoas que estavam empregadas em 2009. E assim foi porque o número de ofertas de emprego é sempre bastante reduzido e dependente do ciclo económico. São raros os meses nas últimas três décadas que ultrapassaram as dez mil ofertas, indício de que as empresas não contam nem são obrigadas a contar com os centros para preencher vagas.
Por outro lado, os desempregados queixam-se das actividades propostas por serem indiferenciadas e mal pagas. Em geral, apenas metade das ofertas são preenchidas.
Essas razões explicam porque, dos 3,9 milhões de assalariados em 2009, cerca de 40 por cento conseguiram o emprego por contacto directo com a empresa ou com o empregador. As relações pessoais - que nos anos 90 foram a principal forma de emprego - ainda contaram para 35 por cento do total. E dez por cento responderam a anúncio, o dobro do que se passara há vinte anos.
Os centros de emprego ficaram com uma quota de 3,5 por cento. Mas as agências privadas não atingiram um por cento, embora o conceito de "agência" deva ser encarado com precaução, por poder não abranger a actividade de trabalho temporário.

