in Jornal de Notícias
O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade disse hoje, terça-feira, que existe um crescimento de pré-delinquentes nas instituições de acolhimento.
O padre Lino Maia defende o reforço de recursos humanos e a readaptação dos lares para responder a esta situação.
"De facto, agora, a maioria das crianças são pré-adolescentes, adolescentes e estão na pré-marginalidade", afirmou à Agência Lusa o padre Lino Maia, que participou, em Fátima, num encontro com representantes de instituições particulares de solidariedade social com centros de acolhimento temporário ou lares de crianças e jovens.
O dirigente da CNIS declarou que "para este tipo de situações as instituições têm que estar adaptadas com recursos humanos muito, muito significativos".
"Precisamos de mais gente com formação na psicologia, como educadores, como assistentes sociais", continuou Lino Maia, adiantando que também "aumentou significativamente" o número de utentes destas instituições "com problemas do foro psiquiátrico e que precisam de uma atenção especial".
O presidente da CNIS lembrou que as instituições, "na generalidade, foram concebidas para outro tipo de situações, sobretudo crianças abandonadas, pobres, mas na primeira infância".
Perante o aumento da idade média e outras problemáticas dos utentes dos lares de infância e juventude, o responsável defendeu que as instituições de acolhimento devem ser "mais pequenas, para poucos utentes e com mais recursos humanos".
"Penso que estas instituições não são chamadas a serem uma espécie de braço armado do Estado, mas o que poderão é com mais meios reorientar esta juventude em dificuldade", observou, considerando que "se puderem recuperar estes jovens que chegam lá na pré-delinquência estão a dar um contributo extraordinário à comunidade".
Referindo-se a dados que dão conta que entre 2004 e 2009 o número de crianças e jovens acolhidos em lares de infância e juventude passou de cerca de 15 mil para um número na ordem dos nove mil, o padre Lino Maia admitiu que há instituições que estão subocupadas.
"Claramente, no futuro não vamos ter tantas instituições, porque de facto a tendência é para que (o número de utentes) continue a diminuir e a aumentar o tipo de problemas", declarou, reconhecendo que algumas entidades "terão que reequacionar" a sua actividade, como a formação para a vida ativa ou lares para estudantes.
Segundo o presidente da CNIS, neste momento "a Segurança Social está a assegurar que uma ocupação até 75% não traz problemas porque mantêm-se os acordos", mas adiantou que "esta situação vai ser revista nalguns casos".
"O futuro será difícil para estas instituições", reconheceu, apelando aos seus dirigentes para "não fecharem as portas por causa das dificuldades serem maiores, antes potenciarem capacidades para que prestem um melhor serviço".
Para o responsável, "mais meios, readaptação a esta realidade e um grande espírito cooperante" podem ajudar a ultrapassar esta situação, embora admita que algumas instituições "provavelmente encerrarão porque esgotaram o seu serviço", mas espera que sejam "casos pontuais".

