por M.L.V., in Diário de Notícias
Líder do PSD, ao contrário de Sócrates, defendeu a urgente reforma do Estado e criticou as políticas socialistas que levaram à crise.
O primeiro-ministro José Sócrates veio a Madrid no passado mês de Maio e, perante uma plateia de empresários espanhóis, falou de um Portugal exemplar. Indicou as reformas estruturais realizadas pelo seu Governo, sobretudo na administração pública, a criação de empresas e os investimentos na investigação e ciência e energias renováveis. Disse que a economia estava a crescer e que o País tem um mercado laboral melhor que o da França e quase igual ao da Alemanha.
Ontem, o líder do PSD também esteve em Madrid para falar sobre Portugal e do seu projecto político para o País. Em nome da "verdade" afirmou que "estamos hoje mais pobres que há dez anos e o que fizemos foi criar a subsidiodependência".
A realidade é que a dívida do Estado aumentou, a dívida privada também e o desemprego e a pobreza continuam a crescer. E "é importante que se perceba que as políticas que conduziram a este caminho são socialistas". "Não venho aqui fazer ficção", rematou.
Passos Coelho dirigiu-se a uma audiência maioritariamente composta por jovens quadros do Partido Popular, que estão a fazer um curso de Verão promovido pela fundação dirigida por José Maria Aznar.
A seu lado, tinha o ex-primeiro- -ministro do PP e a presidente da Comunidade de Madrid, Esperanza Aguirre, que o apresentou como "um político moderado" e que lhe lançou a pergunta sobre os planos que tem para Portugal.
O mais urgente, respondeu Passos, "é repensar o Estado" e "fixar objectivos muito claros como o da redução de dez pontos percentuais no peso da despesa pública no PIB durante os próximos oito anos".
Para isso, "é necessário promover uma nova partilha de riscos e responsabilidades com os cidadãos, diminuindo o grau de intervenção das políticas e aumentando o grau de intervenção dos cidadãos".
No canto da mesa, o director do gabinete da Fundação alemã Konrad Adenauer para Espanha e Portugal, Thomas Bernd Stehling, que escutava atentamente o líder do PSD, acenava com a cabeça em sinal de concordância.
A fórmula para obter este compromisso parece simples. Segundo a lógica de Pedro Passos Coelho, os cidadãos "devem ter mais facilidade e liberdade de escolha nos serviços educativos, de saúde e de poder capitalizar no futuro uma parte da sua pensão social". Não há que criar "ilusões de que as coisas não têm um preço", pois o "Estado não tem dinheiro para pagar tudo e as pessoas não suportam o actual nível de fiscalidade".
Enunciando uma série de propostas que se baseiam em "retirar o Estado da área económica" e na diminuição do grau de intervenção nas políticas públicas, o presidente dos sociais-democratas defendeu que "a estabilidade governativa e uma liderança forte são essenciais para garantir que Portugal ultrapasse a crise".
Ter os "mais competentes e os mais talentosos não chega, é preciso liderança política porque só a política pode integrar vontades", rematou Passos Coelho.