in Diário de Alentejo
Fracos rendimentos, como pensões abaixo do limiar da pobreza, e políticas sociais "desapropriadas" são factores que "agravam" a pobreza entre os idosos no Baixo Alentejo, que afecta mais as mulheres. Esta é uma das conclusões do workshop "Pobreza e envelhecimento", apresentadas no seminário "Multi-visões da Pobreza no Baixo Alentejo", que decorreu no final da semana passada, em Beja.
O workshop foi um dos vários promovidos este ano pelo núcleo distrital de Beja da Rede Europeia Anti-Pobreza (Reapn), através do projecto Localizar o Social e Socializar o Local, no âmbito do Programa Nacional do Ano Europeu de Combate à Pobreza e Exclusão Social.
No Baixo Alentejo, o índice de envelhecimento é "preocupante" e "há idosos a viver com pensões abaixo dos 360 euros, ou seja, no limiar da pobreza", que é "mais acentuada nas mulheres", disse à Lusa João Martins, coordenador do núcleo distrital de Beja da Reapn, o organizador do seminário.
A "falta de articulação entre as várias respostas sociais", que prestam serviços e com horários "desajustados das necessidades", o "desinteresse" pelo idoso e a falta de investimento dos próprios idosos na sua qualidade de vida são outros factores "agravantes" da pobreza entre os mais velhos.
O aumento das pensões, "diferenciação" das políticas sociais por regiões e "repensar os serviços prestados", nomeadamente através da "qualificação" e da "alteração do modelo actual de funcionamento" de instituições, como lares e centros de dia, são estratégias sugeridas pelo workshop para "minimizar a pobreza" entre os idosos.
Arranjar estratégias para que o idoso fique em casa com o apoio necessário, incentivar e apoiar as famílias que desejam cuidar dos seus familiares idosos e o "reforço" das redes sociais e do papel das autarquias e instituições locais são outras das estratégias.
No seminário foram ainda apresentadas outras conclusões, nomeadamente no âmbito do workshop sobre "Empreendedorismo, Economia e Políticas Sociais", que apontam para que a crise, a burocracia, o receio de arriscar, a falta de recursos económicos e competências e, nalguns casos, receber subsídio de desemprego são factores que "inibem" o empreendedorismo no Baixo Alentejo. A falta de criatividade, de informação e de cultura empreendedora e os "fracos" conhecimentos sobre alguns territórios do Baixo Alentejo são outros factores "inibidores" do empreendedorismo.
Pelo contrário, o desemprego, a ambição e a força de vontade, o dinamismo pessoal, os sistemas de incentivo, o acesso ao crédito e a disseminação de boas práticas são factores "potenciadores" do empreendedorismo.
Para "potenciar" o empreendedorismo, o workshop sugere várias estratégias, como a divulgação de oportunidades de investimento e crédito, o acompanhamento continuado do empreendedor pela entidade financiadora e um contacto mais próximo dos potenciais empreendedores com empresas.