por Rute Coelho, in Diário de Notícias
Custos dos produtos levados atinge 383 milhões de euros. Cosméticos, perfumes e bebidas das alcoólicas são os mais procurados.
Portugal nem é dos piores países da Europa em matéria de crime no retalho. Mesmo assim, os supermercados portugueses perdem 43 mil euros por hora com os roubos. Um valor a que se chega tendo por base os custos deste ano do crime no retalho em Portugal: 383 milhões de euros.
Deste valor, 286 milhões de euros correspondem a crimes por roubos nos estabelecimentos e 97 milhões de euros ao investimento dos retalhistas em soluções de protecção dos artigos, segundo dados do Barómetro Global do Furto do Retalho, apresentado ontem, em Lisboa.
Tal como aconteceu no ano anterior, a taxa portuguesa de perdas mantém-se inferior à da média europeia (1,29%) e da média global de 1,36%. "Isto mostra o esforço dos retalhistas, a operar no mercado nacional, no combate contra este fenómeno, sobretudo ao nível do investimento em sistemas de prevenção como a videovigilância, ou o reforço com segurança privada", afirma ao DN João Reis, da Checkpoint Systems, empresa de gestão que apresentou o estudo.
De acordo com o Barómetro Global, os pequenos saques custam, em média, 140,65 euros às famílias europeias.
A perda desconhecida (resultante de roubos feitos por empregados/clientes e erros administrativos) baixou no seu todo, em todo o mundo, segundo o estudo. Mas alguns dos artigos mais levados por ladrões têm um aumento da perda desconhecida desde o ano passado, incluindo roupas para criança, vestuário, produtos de barbear, carnes cozinhadas e produtos gourmet. Fazem também parte dos produtos mais roubados em Portugal. Para a PSP, os três artigos mais apetecíveis para os ladrões são "cosméticos, perfumes e as bebidas alcoólicas", segundo o subcomissário Fábio Castro, da Direcção Nacional da PSP.
Os dados disponíveis da PSP mostram que a polícia registou, no primeiro semestre de 2009, 916 denúncias de furtos em supermercados. Em igual período de 2010, foram registados 796 roubos, o que indica um decréscimo de 10% face a 2009, confirmou ao DN o subcomissário Fábio Castro.
As autoridades têm já registado roubos de artigos alimentares, alguns poderão estar associados à actual situação económica.
"O furtos de artigos alimentares por pessoas que estão a passar dificuldades será sempre residual em relação ao furto de outros artigos", concluiu o responsável policial. Muito mais comum é o esquema usado por um grupo composto por duas mulheres e três homens, acompanhados por um bebé. Segundo foi ontem noticiado, o grupo levou sem pagar 1400 euros de produtos de beleza e higiene em dois espaços comerciais de Miranda e da Lousã. No ranking dos retalhistas que têm notado um aumento dos roubos em supermercados, Portugal não é dos piores países. Apenas 25,8% dos retalhistas portugueses notam um aumento deste tipo de crime. Em Espanha são 28,4% e na Grécia 28,5%, por exemplo. Portugal é o sexto país com um índice de taxa de perda desconhecida mais baixa na Europa, ao atingir um valor de 340 milhões de euros, equivalente a 1,24% das vendas totais no retalho, segundo o Barómetro. Estes dados representam um decréscimo de 1,6% por comparação a 2009, o que contrariou as expectativas que apontavam um possível aumento das quebras, resultado da recessão económica e do aumento do desemprego, segundo refere o estudo. À semelhança do ano anterior, a taxa portuguesa de perdas mantém-se inferior à da média europeia (1,29%) e da média global de 1,36%.