Helena Norte, in Jornal de Notícias
As mulheres são mais resilientes em cenários de guerra e cataclismos naturais do que os homens, quando têm acesso aos mesmos direitos e oportunidades. A conclusão é das Nações Unidas, no último relatório sobre a situação da população mundial.
Pelo contrário, se as mulheres e as raparigas "sofrem profunda discriminação, tornam-se mais vulneráveis aos piores efeitos da guerra ou de desastres, como a violação, e menos capazes de contribuir para a construção da paz, o que ameaça a recuperação a longo prazo", disse o director-executivo do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA), Thoraya Ahmed Obaid, na divulgação do relatório Situação da População Mundial 2010.
Em Portugal, a representante do UNFPA para a apresentação do relatório sublinhou que o documento mostra "a importância do papel da mulher durante e depois dos conflitos, mas também como evitar que os conflitos causem um sofrimento muito profundo às mulheres, como se tem visto na maioria dos países onde as mulheres têm sido as vítimas mais atingidas".
Segundo Tânia Patriota, o relatório atesta como as mulheres sobreviventes "trabalharam depois das crises para que as sociedades estejam mais preparadas para as proteger em tempos de crise e também para cuidar das que foram vítimas de abusos".
Subordinado ao tema "Do conflito e da crise à renovação: as gerações da mudança", o relatório coincide com o 10.º aniversário da resolução 1325 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que apelava ao fim da violência sexual contra mulheres e raparigas em zonas de conflitos armados e encorajava à participação feminina em iniciativas de construção da paz.
Através das histórias de pessoas afectadas por conflitos armadas ou cataclismos naturais, em zonas como Bósnia-Herzegóvina, Haiti, Jordânia, Libéria, território palestiniano ocupado, Timor-Leste e Uganda, o relatório revela como as comunidades e a sociedade civil estão a curar as feridas e a continuar com as suas vidas.
Persistem, porém, muitos problemas: doenças e deficiências, desemprego, pobreza, conflitos pela posse de terra, educação insuficiente, exploração sexual de meninas, falta de estruturas governamentais e civis.

