in Jornal Público
O responsável da Pastoral Social da Igreja, Carlos Azevedo, sustentou, na quinta-feira, que a sociedade portuguesa vive, actualmente, momentos de desalento, sem “esperança de rumo” e essa “é a maior pobreza".
Convidado a fazer um retrato social do País no início da tertúlia “125 minutos com…”, que decorre no Casino da Figueira da Foz, o bispo auxilar de Lisboa frisou que pende sobre Portugal “uma nota de desalento”.
“E essa parece-me ser a maior pobreza, é não termos esperança de rumo. Porque aqueles que tinham a missão de orientar não sabem para onde vamos e os economistas andam um pouco às apalpadelas também”, afirmou.
Considerou que existe “desorientação” e “grande incerteza” e que esses sentimentos são depois evidenciados nas decisões das pessoas.
Aludiu, a esse propósito, à questão da poupança: “Quando dizem que é preciso, as pessoas dizem ‘Poupar? Deixa-me viver enquanto não me tiram o pouco que ainda poupei’” sublinhou.
“É o descrédito nos próprios bancos, que eram as instituições de confiança em que as pessoas depositavam [dinheiro] com todo o vigor e aceitavam as orientações que lhes eram dadas. É todo este clima de descrédito na política, de descrédito nas instituições”, declarou Carlos Azevedo.
No início da sessão, o administrador do Casino da Figueira da Foz, Domingos Silva, relembrou os quatro anos de tertúlias já realizados, mas também o jornalista Carlos Pinto Coelho, falecido na quarta-feira, que, em 2008 e 2009, promoveu no Casino o espaço cultural “Reacontece”.
“É uma pessoa a que o Casino muito deve. Continuaremos, na mesma linha, a defender os valores em que acreditava”, afirmou.