Metade dos imigrantes não tem subsídio de desemprego

Lucília Tiago, in Jornal de Notícias

Número de estrangeiros sem trabalho e sem apoio está a baixar desde Abril
Em Outubro, apenas um em cada dois imigrantes desempregados estava a receber subsídio de desemprego. A taxa de cobertura deste apoio acompanha a realidade nacional e os números mostram que esta taxa está no nível mais baixo dos últimos anos.

Depois do "pico" registado em Abril, os dados do Instituto do Emprego Formação Profissional (IEFP) mostram que, desde então, tem baixado o número de imigrantes desempregados. Por outro lado, é cada vez mais reduzido o número daqueles que se encontram a receber subsídio de desemprego. Mudanças nas regras de atribuição e de duração deste apoio justificam a descida e é isso que explica também que a nível nacional a taxa de cobertura seja agora também mais baixa (apesar de os números globais do desemprego serem mais altos).

Em Outubro, estavam registados no IEFP 35 823 imigrantes desempregados, mas destes apenas 19 491 estavam a receber subsídio de desemprego; subsídio social de desemprego ou subsídio social de desemprego subsequente. Contas feitas, a taxa de cobertura era de 54,4%. Um ano antes, a situação era bem diferente, já que 66% dos desempregados recebiam um daqueles apoios. Em 2008, eram 63%.

Ao JN, Arménio Carlos, dirigente da CGTP não tem dúvidas em afirmar que esta descida está principalmente ligada à alteração das regras do subsídio de desemprego. Já a descida do número de imigrantes sem trabalho está acima de tudo relacionada com o facto de muitos destes trabalhadores terem decidido regressar aos seu país de origem ou tentar a sua sorte noutras paragens. Esta é também a opinião de Jorge Malheiros, do Centro de Estados Geográficos da Universidade de Lisboa (ver mini-entrevista).

Uma vez esgotado o prazo do subsídio de desemprego e goradas as hipóteses de encontrar um novo trabalho, muitos optam por se ir embora. Este movimento tem-se acentuado principalmente desde 2008, quando o desemprego começou a disparar.

Entre as várias comunidades imigrantes, a brasileira é a mais numerosa: em Outubro, dos 35 823 desempregados registados, 10 618 eram deste país. Consequentemente eram também os brasileiros o grupo mais numeroso entre os que estão a receber subsídio de desemprego (cerca de um terço do total).

A quebra nos apoios aos imigrantes desempregados foi, em Outubro, mais expressiva ao nível do subsídio social de desemprego. Eram 4655 os que recebiam esta prestação social contributiva em Setembro e no mês seguinte o seu número tinha baixado para 4209. A nível nacional, os números mostram que dos 550 846 desempregados registados em Outubro, apenas 316 695 (ou 57%) recebiam subsídio.