Pedro Araújo, in Jornal de Notícias
O maior aumento de preço desde Janeiro pertence aos artigos de vestuário (18,3%), destronando assim os combustíveis (+18,1%). O JN fez as contas desde o início do ano, concluindo que bens como a fruta (+10,8%) registam variações muito superiores à média.
Em Novembro de 2010, o Índice de Preços no Consumidor (IPC) registou uma variação homóloga de 2,3%, taxa idêntica à verificada em Outubro. A variação média dos últimos doze meses situou-se em 1,2% (0,9% em Outubro).
Apesar destes valores serem baixos, alguns bens e serviços que
podem ser considerados de primeira necessidade ou indispensáveis apresentam variações consideráveis face a Janeiro deste ano. O maior aumento diz respeito à categoria "artigos de vestuário", com 18,3% e o calçado sobe 15% desde o início de Janeiro. Estes valores deverão ser atenuados no mês corrente, com as promoções, e depois com os saldos que arrancam oficialmente a 28 de Dezembro.
De acordo com o índice de preços do INE, ontem publicado, entre as contribuições positivas para a taxa de variação homóloga do IPC (2,3%), destacam-se as registadas nas classes dos transportes, da habitação, água, electricidade, gás e outros combustíveis e ainda dos produtos alimentares e bebidas não alcoólicas.
Da análise realizada pelo JN aos produtos mais essenciais para as famílias (Janeiro a Novembro), destaca-se ainda o aumento dos produtos hortícolas (5,1%) e da água mineral e refrigerantes (2,7%), com valores acima da inflação homóloga e média.
Mesmo na classe "habitação, água, electricidade, gás e outros combustíveis", a subida de preços é de 3,2% desde Janeiro. Decompondo esta classe, encontramos variações muito superiores: 4,7% para o saneamento básico, 5,8% para a recolha de lixo, 4,3% para electricidade, gás e outros combustíveis e os já referidos 18,1% para os combustíveis líquidos.
Na análise do INE, a classe com a taxa de variação mensal positiva que mais contribuiu para a variação do índice total foi a dos transportes, com uma taxa de variação mensal de 0,6%.
De qualquer forma, os portugueses podem ter como certo que roupa, calçado, tabaco e até os carros vão ficar mais caros já a partir de Janeiro, devido ao aumento do IVA, de 21%, para 23%.
No IRS a declarar em 2012 relativamente a 2011, terão lugar alterações importantes, com destaque para os benefícios fiscais. Os tectos aos benefícios vão fazer sentir-se a partir do terceiro escalão de rendimentos (7410 euros anuais) e vão variar entre 100 euros e zero, consoante o nível de rendimentos. Por sua vez, as deduções das despesas de saúde e educação terão limites para os dois últimos escalões de IRS, isto é, a partir dos 66 mil euros.
A vida vai ficar mais cara, não sendo por acaso que o Governo prevê uma inflação média de 1,3% para este ano e de 2,2% no próximo ano.