Patrícia Alves Tavares, in Jornal de Notícias
Estudo indica que há défice de dirigentes e excedente de assistentes técnicos
A Câmara do Porto vai manter a política de emagrecimento de pessoal e optimizar o potencial de 147 trabalhadores, através da mobilidade ou aposentação. Recursos humanos custam 52 milhões de euros/ano e representam metade da despesa.
A Autarquia do Porto pondera reduzir 5,5 % dos seus efectivos, a médio prazo, poupando 2,32 milhões de euros. O Município tem 215 trabalhadores a mais em certos sectores e carece de 68 pessoas em alguns departamentos, conclui um estudo da empresa de consultoria de gestão, Hay Group, encomendado pela Câmara.
O documento aponta a possibilidade de optimizar o potencial de 147 funcionários, na maioria assistentes técnicos e operacionais. Quanto aos dirigentes, a avaliação diz que o valor "é inferior ao que seria lógico".
Rui Rio considerou que o estudo "será o pano de fundo para decisões que vão sendo tomadas no âmbito dos recursos humanos à velocidade que a realidade e a lei o permitirem". Os resultados sugerem que a Autarquia passe dos actuais 2687 trabalhadores para os 2540.
O autarca garantiu que os valores não são "estáticos" e que não "existe o objectivo de atingir esse número este ano ou no próximo". "Considerando quem sai, quem entra e a mobilidade, a intenção é chegar a um valor próximo dos 2540", assegurou, durante a apresentação dos resultados, na Biblioteca Almeida Garrett.
Luís Reis, do Hay Group, notou que a diminuição de 3300 pessoas, em 2006, para 2726, em 2010, mostra "a evolução na estrutura organizacional". "O objectivo de gestão de colocar as pessoas certas nos lugares certos está, em grande parte, alcançado", sustentou.
Rui Rio disse estar surpreendido com a diferença "relativamente pequena" entre excessos e carências. A redução de pessoal vigora há alguns anos. O estudo, segundo o autarca, possibilitou a percepção das "funções" em que há discrepâncias e quais "as transferências que se podem fazer".
A mobilidade possibilitará a melhoria "do funcionamento da Câmara e do país". Rio garantiu ainda continuar a aplicar a regra de dois por um (uma entrada anual por cada duas saídas de trabalhadores) e apostar nos "ajustamentos" nas "funções mais transversais que verifiquem excedentes".
"A ideia é ter um emagrecimento líquido", referiu, adiantando que os dois milhões de euros poderão ser aplicados "numa melhoria da produtividade".
Desde 2006, registou-se uma evolução das qualificações literárias dos recursos humanos. Entre 2006 e 2009, o pessoal com licenciatura cresceu de 17,7% para 20,5%. Registou-se uma subida semelhante em relação aos funcionários com o 12º ano. Apenas 2% dos trabalhadores tem mais de 60 anos e a média ronda os 44 anos.
Para avaliar a eficiência e optimização dos recursos humanos, o Hay Group comparou a Câmara a empresas nacionais com mais de dois mil colaboradores e de diversas áreas de negócio. O estudo teve início em Junho de 2010 e abrangeu as 16 direcções municipais ou equiparadas.

