Pedro Araújo, in Jornal de Notícias
Ritmo de empreendedorismo permitiu proporcionar um posto de trabalho a 17 Entre 2008 e 2010, foram criadas 7737 empresas por desempregados, 2589 das quais no ano passado, mais 163 do que no ano anterior. Este empreendedorismo permitiu dar trabalho a 17 460 desempregados, uma média de 2,25 trabalhadores por empresa.
Apesar da crise, muitos desempregados enfrentaram o risco e criaram a sua própria empresa e ainda deram trabalho a mais alguém. Os números fornecidos ao JN pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) apontam até para um ligeiro aumento no número de empresas e empregados, de 2009 para 2010. Deste modo, foram criadas 2722 empresas em 2008, 2426 no ano seguinte e 2589 em 2010. O emprego seguiu a mesma flutuação: 5982 postos de trabalho criados em 2008, 5678 há dois anos e 5800 no ano transacto.
Este ligeiro crescendo no empreendedorismo dos desempregados pode denunciar a incapacidade da sua absorção por parte do mercado de emprego e surge numa altura em que os negócios por conta própria em geral parecem estar a sofrer com a crise.
Os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que no final do terceiro trimestre de 2010 havia menos 40 mil pessoas a trabalhar por conta própria do que no mês homólogo de 2009. Contas feitas, o total baixou de 867 mil para os actuais 827 mil casos. A redução atinge também os que entram na categoria de trabalhadores por conta própria como empregadores, sendo que neste caso se assistiu a uma descida da ordem dos 5,7%: em Outubro de 2009, havia 267,7 mil destes empreendedores e em Outubro último contavam-se apenas 252,5 mil.
Os dados do INE constam do Inquérito ao Emprego, isto é, resultam de uma amostra. Os dados da Coface Mope dizem-nos que há sinais positivos relativamente à constituição de empresas, com o registo de um ligeiro aumento: de 30 412 em 2009, para 30 699 em 2010 (0,9%), com o total de sociedades a aumentar 1,7%, depois de se ter registado um decréscimo de 15% entre 2008 e 2009.
Uma gota de água
A criação de empresas no caso dos desempregados representará sempre uma gota de água no oceano dos números referidos pela Coface Mope, uma vez que os programas do IEFP visam somente a criação de microempresas.
Um dos programas do IEFP foi mesmo extinto em 2010, embora ainda surja nas estatísticas do último ano por via de processos iniciados em 2009. Era o programa das chamadas Iniciativas Locais de Emprego (ILE) - o IEFP dava conta de 1647 em 2008, 1445 no ano passado e apenas 320 em 2010. Foram substituídas pelas linhas de crédito Microinvest e Invest+, responsáveis por 564 projectos de empresa aprovados no ano transacto. As duas linhas de crédito guiam-se pela Euribor a 30 dias, acrescida de 0,25%, com taxa mínima de 1,5% e máxima de 3,5%. Grande parte do risco (no mínimo 75%) é assegurado pelo sistema de garantia mútua.
Há ainda a "criação do próprio emprego", programa do IEFP que resulta da entrega antecipada das prestações do subsídio, e que quase duplicou o número de empresas: 981 em 2009 e 1705 no ano passado, somando-se a 1075 em 2008. Nos últimos três anos, este programa criou 5833 empregos.

