14.1.11

Economia mundial cresce 3,3 por cento este ano graças aos países emergentes

Por Pedro Crisóstomo, in Jornal Público

A economia global está a entrar numa nova fase e 2011 será um ano de transição, com o PIB mundial a crescer 3,3 por cento. Nos próximos anos, serão as economias emergentes a suportar quase metade do crescimento global, mas a recente escalada do preço das matérias-primas alimentares poderá agravar a pobreza nestes países, avisa o Banco Mundial.

A recuperar da crise, este ano o mundo terá ainda um crescimento lento - seis décimas abaixo do PIB de 2010 -, mas já a caminhar para os 3,6 por cento, em 2012, apontam os primeiros números do boletim ontem divulgado pelo Banco Mundial sobre as perspectivas da economia global.

Os países emergentes deverão alavancar a economia mundial no seu conjunto, com um crescimento de seis por cento este ano e com a perspectiva de subirem 6,1 no próximo. A expansão será mais rápida do que no chamado "mundo desenvolvido", onde o PIB deverá ficar nos 2,4 por cento, em 2011, e em 2,7 por cento no ano seguinte.

Por outras palavras, os dados do Banco Mundial mostram que, sozinhas, as economias desenvolvidas precisam de políticas próprias para travar o desemprego, o endividamento público e a fragilização do sistema bancário, dizem os analistas da instituição.

"As dificuldades que persistem no sector financeiro de certos países continuam a ameaçar o crescimento e precisam da adopção imediata de medidas governamentais", comentou Justin Yifu Lin, economista-chefe do Banco Mundial.

O investimento directo estrangeiro nos países em desenvolvimento progrediu apenas 16 por cento, o equivalente a 308 mil milhões de euros, quando, um ano antes, tinha crescido mais do dobro. Mas a entrada de fundos de capitais conseguiu dar algum conforto para estes países recuperarem economicamente, entende o director do departamento das perspectivas de desenvolvimento do Banco Mundial, Hans Timmer,

A maior preocupação do BM tem a ver com as consequências da nova subida do preço dos produtos alimentares, que atingiram em Dezembro um novo recorde, segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). "Ainda que os preços reais da alimentação na maioria dos países em desenvolvimento não tenham aumentado tanto como [os alimentos negociados] em dólares, a escalada foi muito superior em alguns países pobres", explica o relatório.