13.1.11

Europa faz cortes no Superior

Eduarda Ferreira, in Jornal de Notícias

As universidades portuguesas ficaram a salvo de efeitos mais graves da crise económica devido aos cem milhões de euros contemplados no Contrato de Confiança. O panorama europeu do ensino superior ressente-se de cortes de verbas na maior parte dos países.

Na maior parte dos parceiros europeus, a crise económica entrou pelas universidades, expressa em cortes nos apoios estatais. Apenas dois países aumentaram o financiamento ao Superior: a Alemanha e a França. Sobre Portugal, um relatório da Associação Europeia de Universidades (European University Association) assinala que o país se caracteriza por uma "situação mista", entre os que reforçam o investimento e aqueles que o cortam.

Os cem milhões de euros, negociados há um ano pelo Conselho de Reitores e pelo Governo para formação de adultos no activo, estará a funcionar como balão de oxigénio.

O relatório menciona o caso português de redução dos salários na função pública, o que, diz, afectará os docentes universitários. Tal situação é comum à Grécia, Irlanda, Espanha e Letónia.

O caso português é mencionado também em relação às verbas para investigação científica nas universidades, que aumentaram. O mesmo aconteceu na Dinamarca, Irlanda e Noruega, apesar da retirada de apoios à pesquisa por parte de empresas.

Noutros países, foi observada a tendência para aumentar as verbas para investigação mas só nos projectos ligados a prioridades estratégicas nacionais. A este propósito, é dito que a autonomia universitária pode perigar, porque há metas e "fiscalizações" no âmbito desses compromissos.

Ouvido sobre esta matéria pelo JN, o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, António Rendas, considera que estas "mantêm a sua autonomia" e que o "reforço" dos cem milhões de euros "permite que as universidades funcionem em condições adequadas".

O apoio às artes, humanidades e ciências sociais tem vindo a desaparecer em muitos países. Algumas universidades estão a exigir propinas mais caras a alunos estrangeiros ou a candidatos de outras regiões.