in Correio do Minho
O presidente da União Distrital de Setúbal das Instituições Particulares de Solidariedade Social afirmou hoje que o Estado não dialoga com as instituições e está a demitir-se da sua função social.
À margem do Encontro Diocesano dos Centros Sociais Paroquiais, em Almada, António Figueiredo disse à Lusa que o problema do aumento do número de famílias carenciadas no distrito é “sufocante e desastroso”, defendendo que a situação é agravada pela resposta “quase inexistente do Estado”.
A rede de 184 instituições, que dá resposta às famílias de todo o distrito, recebe, diz o presidente, cada vez mais famílias e com diferentes e crescentes tipos de carências: “Situações de pobreza, de carência de alimentação, desemprego e falta de habitação”.
Na península de Setúbal, “o número de famílias a pedir ajuda às instituições duplicou nos último dois anos. Há situações em que o número de famílias desempregadas mais do que duplicou, como no caso de Almada e Seixal, em que os desempregados já são 20 por cento do total da população”.
< br /> “O desemprego é, por isso, o maior drama, também porque temos uma população jovem residente na península, que sofre do efeito do emprego importado, trabalham em Lisboa, perdem o emprego, as consequências são sentidas na península”, disse.
No caso do número de pobres à procura de alimentação, acrescentou, “o número no distrito triplicou” nos últimos dois anos.
São estes novos fenómenos, defendeu António Figueiredo, “que criam às instituições grandes dificuldade de resposta, se não houver uma ajuda por parte do Estado”.
“O Estado tem que ser mais dialogante. Se não consegue ter um programa estratégico com as instituições para acalmar o sofrimento das pessoas, então está a demitir-se das suas funções sociais. Um Estado que não dialoga com as instituições não consegue ter estratégias”, argumentou.
E a estratégia, acrescentou, “é essencial para a coordenação”, que, só por si, as instituições não conseguem garantir.

