13.3.11

Estado Social e políticas para jovens constam da moção de estratégia de José Sócrates

in Jornal Público

Santos Silva sublinha preocupação de Sócrates com jovens e Vitalino Canas refere que consolidação orçamental está na moção de Sócrates ao congresso

No dia em que milhares de jovens saíram à rua em todo o país, num vasto protesto contra a precariedade, Augusto Santos Silva, ministro da Defesa e dirigente socialista, defendeu que o reforço das políticas de apoio aos jovens é uma das preocupações da recandidatura de José Sócrates à liderança socialista. Em Bragança, onde participou numa sessão de apresentação da moção de orientação estratégica de Sócrates, Santos Silva, que é o primeiro subscritor do documento, afirmou, questionado sobre as manifestações do autodenominado movimento Geração à Rasca, que o que tem a dizer "a essas pessoas é que justamente a moção estratégia que o secretário-geral do PS leva ao congresso tem como uma das preocupações essenciais renovar e reforçar as políticas de apoio à inclusão dos jovens".

Citado pela Lusa, o socialista sublinhou, porém, que "a ideia de que agora há uma geração sobrequalificada é uma ideia absolutamente falsa e enganosa. É preciso continuar a estudar, quanto mais gente tivermos no ensino superior, licenciada, com pós-graduações, melhor estaremos, melhor é a nossa produtividade e melhor serão as condições que as pessoas têm para aceder ao mercado de trabalho". E aproveitou para lembrar que o Governo avançou com um conjunto de programas de estágios especificamente dirigidos para jovens, garantindo que "a percentagem de empregabilidade dos jovens que fazem esses estágios é muito grande". Apesar de ter admitido que "as manifestações fazem parte da democracia", Santos Silva não deixou de criticar o teor dos protestos, apontando que "não se resolvem os problemas da juventude com demagogia, com discursos antipartidos e antipolítica e não se resolvem os problemas nacionais fazendo apelos mais ou menos implícitos à mobilização das pessoas contra as instituições".

O ministro da Defesa foi um dos dirigentes do PS que ontem iniciaram um périplo pelo país com vista a debater a moção que José Sócrates levará ao congresso socialista, agendado para daqui a um mês. Vitalino Canas, do Secretariado Nacional do PS, esteve anteontem à noite em Torres Vedras e atentou nas propostas de consolidação orçamental que estão previstas na moção: "A moção procura o equilíbrio entre a necessidade de manter a essência do Estado Social, reformando-o, tornando-o mais eficaz e mais leve do ponto de vista das finanças públicas e da redução da despesa." Poucas horas antes de Pedro Passos Coelho, líder do PSD; ter anunciado que o seu partido não vai viabilizar o novo Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC); apresentado na manhã de sexta-feira pelo ministro das Finanças, Vitalino Canas aproveitou a ocasião para sublinhar a necessidade de existir "cooperação institucional" para garantir estabilidade política: "Esta moção faz uma profissão de fé muito clara na cooperação institucional entre os vários órgãos de soberania. Não pode ser só o Governo a puxar a carroça porque, se assim for, a estabilidade política estará ameaçada."

Também ontem os outros dois candidatos a secretário-geral do PS, Jacinto Serrão e Fonseca Ferreira, apresentaram as suas moções. Serrão, líder do PS-Madeira, esteve em Coimbra, onde defendeu que o partido deve "recentrar-se" em "áreas de preocupação política" e promover o debate interno, "levar a voz das bases até aos dirigentes do partido" e "influenciar as políticas" socialistas. No Porto, Fonseca Ferreira salientou que é preciso avançar com uma "profunda reforma do Estado", criticando a ausência da regionalização da moção de Sócrates, considerando, porém, que a actual legislatura não oferece condições para a realização de um referendo.