16.3.11

"Quem não lê jornais tem uma vida menos rica"

Por Carlos Pessoa, in Jornal Público

Minista da Educação recebeu, em Almada, a primeira cópia do DVD do PÚBLICO Como se faz um jornal. 1300 cópias vão chegar às escolas secundárias

Pode tirar-se uma fotografia directamente da Net? Miguel Madeira, o editor de fotografia do PÚBLICO, suspendeu a respiração por um instante e depois respondeu de forma concisa: "Não." Mas sentiu necessidade de acrescentar mais alguma coisa: "As nossas não, têm direitos de autor. Mas há fotos disponibilizadas gratuitamente em sites específicos."

Foi o começo de um animado debate realizado ontem na Escola Secundária Emídio Navarro (Almada), em que também participaram a directora do PÚBLICO, Bárbara Reis, a coordenadora da Rede de Bibliotecas Escolares, Teresa Calçada, e a directora de arte do PÚBLICO, Sónia de Matos.

Antes do debate foi exibido o DVD Como se faz um jornal, produzido pelo PÚBLICO para ser distribuído pelas 1300 escolas secundárias da rede pública. Bárbara Reis explicou que a intenção foi fazer algo útil e original que "aproximasse os jovens da leitura de jornais", pois "sem jornais independentes não existe democracia".

A ministra da Educação recebeu das mãos de Bárbara Reis a primeira cópia do DVD. Isabel Alçada disse que a leitura é um meio essencial de transmissão do conhecimento e da cultura e tem uma função essencial no desenvolvimento individual. "Um jornal, concluiu a ministra, é um marco de civilização. Quem não lê jornais tem uma vida menos rica e uma dimensão menos aprofundada da realidade."

No debate, de um auditório cheio de estudantes e professores, foram surgindo outras perguntas, como esta: há problema em digitalizar as capas de livros para reprodução no jornal? (a resposta de Bárbara Reis foi negativa).

Outras intervenções reflectiram preocupações e interesses mais genéricos, exigindo respostas mais detalhadas: o que pensam dos jornais de escola como preparação para ser jornalista a sério? Que tipo de habilitações é necessário para se trabalhar no PÚBLICO?

Um jornal escolar é muito útil para começar a treinar o essencial da profissão - a notícia; serve também para cada um saber se é isso mesmo que quer fazer na vida, respondeu em substância Bárbara Reis. E para trabalhar no PÚBLICO, acrescentou com bom humor a directora, "é necessário trabalhar pelo menos 15 horas por dia, além de se desejar muito ser jornalista".

Sónia Matos falou sobre as suas funções no jornal, defendendo que "o mais importante de um jornal é o seu conteúdo". O grafismo, por si só, não faz o jornal vender-se, disse. Mas ressalvou que "quanto melhor for o aspecto gráfico, melhor a leitura dos textos".

Teresa Calçada destacou a importância das bibliotecas na recolha de informação validada, em resposta a outra questão colocada por um dos participantes. "As bibliotecas servem para recolher e produzir materiais que correspondem a essa necessidade de busca de informação e conhecimento."