Por Ana Rute Silva, in Público on-line
O franchising está a sobreviver à crise. As empresas que operam localmente a partir de uma marca global registaram, no ano passado, um volume de negócios 8,5 por cento superior ao de 2009 e o sector conseguir criar 3600 novos postos de trabalho.
Os números do 16.º Censo do Franchising 2010, a que o PÚBLICO teve acesso, mostram que este modelo empresarial já emprega 73.143 pessoas, cerca de 1,5 por cento do emprego em Portugal. No total, há 570 marcas a operar, mais oito por cento do que em 2009.
Andreia Jotta, directora do Instituto de Informação em Franchising (IIF), que compila os dados, revela que o mercado cresceu 450 milhões de euros face a 2009, um "valor invejável, tendo em conta os níveis de crescimento de outros sectores".
O volume de negócios em 2008 foi de 5029 milhões de euros e, no ano seguinte, de 5044 milhões de euros. A evolução positiva de 2010 espelha a maturidade do formato, cada vez mais utilizado pelos empresários não só para reduzir o investimento necessário à expansão do negócio, mas também como "fórmula de auto-emprego".
No ano passado, entraram no mercado 73 novas marcas, ao mesmo tempo que 44 abandonaram as suas operações, um número inferior face a 2009 (76 conceitos cancelados). Na óptica do IFF, esta diminuição deve-se "a uma triagem do mercado" feita há dois anos devido à recessão económica e que "contribuiu para eliminar os projectos menos sólidos e que não conseguiram fazer face à falta de liquidez". Para além disso, o perfil pouco adequado dos empreendedores e o lançamento prematuro de alguns conceitos também ditaram o fecho destas empresas.
Os serviços continuam a atrair a maior parte do investimento (quase 54 por cento do total), sobretudo o chamado "comércio especializado", como a compra e venda de ouro, as clínicas de estética e saúde ou a formação e ensino.
Do total das novas marcas que surgiram no ano passado, mais de 50 por cento permitem um investimento inicial inferior a 25 mil euros. A tendência low cost é uma resposta aos "constrangimentos ao nível do financiamento, o que contribui para uma maior flexibilização e dinâmica na abertura de novas unidades", analisa Andreia Jotta.
Há cada vez mais ideias originais portuguesas (59 por cento das marcas a operar) e 75 por cento dos novos investimentos são de origem nacional, em destaque nas áreas da estética, mediação de obras e energias renováveis. Segundo a directora do IIF, os conceitos nacionais cresceram 12 por cento no último ano . "O franchising em Portugal está cada vez mais próximo de mercados mais maduros, como é exemplo o espanhol, onde 81 por cento das marcas já são de origem nacional", explica.
Neste formato, um empreendedor explora a marca e o conceito detido legalmente por um master franchise, responsável por fornecer toda a formação necessária para o arranque do negócio e os instrumentos de gestão, apoio jurídico ou de marketing.

