Por Catarina Gomes, in Público on-line
Não pagamento da Segurança Social pelos trabalhadores "a recibo verde", boicotes, desobediência civil, ocupação cívica de espaços, voltar a fazer manifestações.
Estas foram algumas das sugestões deixadas pelos cidadãos que ontem participaram na I Assembleia do Fórum das Gerações, uma plataforma que resultou do protesto da Geração à Rasca, que a 12 de Março reuniu milhares de pessoas em várias cidades do país.
Os quatro amigos que estiveram por detrás da manifestação estiveram ontem sentados a ouvir as cerca de 70 pessoas que foram passando pelo auditório do Instituto Superior de Psicologia Aplicada, em Lisboa, entre as 10h00 e as 17h00. "Mais uma ronda para quem nunca falou", pedia Raquel Freire.
Respondeu ao apelo José Lima, um jovem de Setúbal, que confessou que o 12 de Março foi a primeira manifestação em que esteve presente e disse que é preciso fazer passar a ideia, às pessoas, de que a política é para toda a gente.
Se é verdade que alguns se confessavam estreantes nas lides do falar em público sobre política, muitos declaravam-se já activistas, tendo passado pelo movimento estudantil. Alguns declaravam-se orgulhosos da manifestação em que tinham participado: "Nós cumprimos um papel mais importante do que todos os partidos do Governo", disse um jovem que apenas se identificou como Manuel, de Coimbra. Mas, ao mesmo tempo, este participante estava desanimado pelo facto de "uma coisa gigantesca ter ficado mais vazia". E notou: "Esta sala é a demonstração disso".
Gonçalo Gonçalves perguntava "se é possível mudar leis sem ser partido político" e se "ir para a rua é o melhor", quando, na sua opinião, "dá a sensação de que se está a participar em algo sem mudar nada".
Numa sala onde predominava a geração dos 25 aos 40 anos, um grupo de três homens mais velhos, da Associação 25 de Abril, deixava conselhos. Pedro Lauret convidou o movimento a apresentar propostas concretas: "Temos que ir além do "já", do "basta", do "não queremos mais", senão não passamos da contestação panfletária. Tem que haver propostas concretas com formulações juridicamente possíveis."
Mas, desta primeira reunião, não resultaram propostas concretas. Ficou, antes, marcada uma nova assembleia de cidadãos para depois das eleições mas o Movimento 12 de Março já tornou público que pretende levar ao Parlamento uma iniciativa legislativa popular contra a precariedade, sendo preciso recolher 35 mil assinaturas
Uma coisa os organizadores reiteraram: está fora de questão a ideia de criar um movimento que seja tão abrangente como a manifestação de 12 de Março. A ideia é que o Fórum das Gerações sirva de plataforma em rede em que "as pessoas criam iniciativas e, quem quer, adere", dizia Alexandre de Sousa Carvalho, um dos organizadores. O grande objectivo é "fazer de cada cidadão um político", lê-se na página do Facebook.

