in Jornal de Notícias
O Centro de Emprego da Rua da Saudade foi o palco escolhido no Porto para uma intervenção do movimento 'É o povo, pá!' que colou cartazes de protesto um pouco por todo o país, na madrugada de segunda-feira. Veja o vídeo
Pouco passava das 2.30, a hora marcada, quando dois elementos do movimento chegaram em passos rápidos à Rua da Saudade no Porto, perto da Rotunda da Boavista, trazendo as caras tapadas por máscaras sorridentes de José Sócrates e Pedro Passos Coelhos e nas mãos os cartazes e um balde de cola.
"Não queremos subsídios, queremos emprego", pode ler-se nas duas folhas que, sem hesitar, colaram na porta envidraçada do número 132 da rua, junto à qual dormia um sem-abrigo que nem se apercebeu da agitação. É ali que fica o Centro de Emprego e Formação Profissional.
A iniciativa "é nacional" e o objectivo é conseguir replicar esta forma "inusitada" de protesto em "cerca de 30 localidades" e sempre nos centros de emprego.
"Escolhemos centros de emprego porque achamos que perderam a vocação que tinham, que era centrada numa política nacional de combate ao desemprego e à criação de emprego", explicou à Lusa um dos membros do movimento, acrescentando que actualmente são apenas "fiscalizadores dos desempregados" que "impõem formações" que não "têm nada a ver" com o desejado.
É precisamente contra "esta relação de humilhação que o estado português estabeleceu com os desempregados" que o movimento decidiu manifestar-se desta forma, lembrando que "ninguém está desempregado porque quer", sendo "o direito ao trabalho e a um salário, um direito constitucional".
E porque trazem a cara tapada? "Porque aquilo que nos move são ideias, propostas e não quem nós somos. Queremos é que se fale naquilo que vimos dizer e não que se discuta quem nós somos", apressaram-se a responder.
O movimento é formado por pessoas "diversas", funciona "em rede" assenta num texto publicado online no qual todos se revêem.
A ideia principal é pois "somar protesto ao protesto", "acrescentar pensamento e matéria para discussão na sociedade" e ainda "lançar o debate de alguns temas na sociedade portuguesa de uma perspectiva diferente daquela que normalmente é colocada".
Depois do BPN, contra o qual realizaram a sua primeira acção durante o mês de Março, hoje foi a vez de "reclamar quanto à ausência de uma política de emprego" e "contra a forma como os desempregados são tratados neste país".
"Temos ideias para continuar, temos várias iniciativas pensadas mas a conjuntura é que vai impor a próxima acção", garantem.
Para já, aguardam a surpresa com que os primeiros funcionários, ou desempregados, do Centro de Emprego do Porto irão encarar os cartazes.

