11.5.11

Temos de ver "realismo sombrio" mas não perder esperança

in Diário de Notícias

O cardeal patriarca de Lisboa, José Policarpo, afirmou hoje que num presente "sombrio" a Igreja Católica tem que saber ver o "realismo do que vai acontecendo" com esperança no futuro e transmiti-la às pessoas.

Falando na Universidade Católica, em Lisboa, na apresentação de "Atraídos pelo Infinito", um livro que assinala os cinquenta anos da sua ordenação, José Policarpo salientou que o presente está "carregado de sombras tão sombrias que podem tirar a esperança". A Igreja não pode estar "na retaguarda, a defender o seu cantinho", deve antes acreditar na humanidade "apesar dos seus defeitos e limites" e os seus agentes devem sentir-se "co-responsáveis de um futuro colectivo".

"As pessoas estão de tal maneira preocupadas e fascinadas com o seu presente que não são capazes de ver que a grandeza do presente do Homem é o horizonte da eternidade", afirmou. A Igreja, defendeu, "não pode fugir a esta mensagem, não pode esquecer-se que tem nas mãos algo que é decisivo hoje para o futuro da Humanidade". Por isso, "tem que aprender cada vez mais a ler à luz da esperança e da ousadia da fé o realismo daquilo que vai acontecendo todos os dias", declarou.

Ao comentar o livro, em que estão duas fotografias suas separadas por 50 anos, afirmou que apesar do tempo que as separa espelham ambas "a serenidade de quem não se assusta". Dirigindo-se à assistência e a dois dos co-autores - Guilherme d'Oliveira Martins e António Araújo, que partilham o livro com o bispo do Porto, Manuel Clemente -, José Policarpo lançou um desafio: "Vamos a isto, que daqui a cinquenta anos já não haverá aqui uma terceira fotografia".