Destak/Lusa, in Destak
Empresas e famílias vão sentir mais dificuldades no acesso ao crédito e pagar mais caro pelos empréstimos devido ao corte do ‘rating’ de Portugal, disse o economista Miguel Frasquilho, considerando que estes efeitos vão sentir-se “no imediato”.
O ex-secretário de Estado do Tesouro e das Finanças e atual vice-presidente da comissão parlamentar que vai acompanhar a execução das medidas do programa acordado com a 'troika' sublinhou que os bancos portugueses vão ter mais dificuldades em financiar-se e vão fazer repercutir estes custos nos seus clientes.
“Os bancos vão ter mais dificuldade em obter financiamento e vai haver uma deterioração da qualidade dos ativos que detêm. Isto significa que vai haver uma maior dificuldade na concessão de crédito e crédito mais caro para as famílias e para as empresas”, declarou o deputado do PSD.
Miguel Frasquilho salientou que “os bancos vão estar ainda mais atentos” à concessão de empréstimos e reforçou que a descida do ‘rating’ é “má para todos e má para a economia”.
A garantia hoje dada pelo Banco Central Europeu de que vai continuar a aceitar ativos dos bancos portugueses como colateral, independentemente da classificação do ‘rating’, “alivia um bocadinho a pressão, mas não alivia o facto dos ativos passarem a ser encarados como tendo menor qualidade, o que implicará sempre dificuldades acrescidas no financiamento do setor bancário”.
Por outro lado, como a atividade financeira se adapta rapidamente às condições do mercado, estes efeitos serão “praticamente imediatos”.
“Não vamos esperar dois meses para ter as condições [de crédito] agravadas”, estimou.
O economista considerou ainda que a decisão da Moody’s, que na terça-feira classificou o ‘rating’ de Portugal como ‘lixo’ é “totalmente infundada”.
“Há um governo acabado de entrar e que tomou medidas concretas para reduzir o défice, não há qualquer instabilidade política, por isso tenho muita dificuldade em perceber porque é que a Moody’s fez este movimento”, criticou.
Miguel Frasquilho considerou ainda “muito suspeito” que, nos últimos tempos, a Moody’s tenha baixado o ‘rating’ da República Portuguesa e, por acréscimo, o dos bancos sempre em vésperas de colocação de dívida portuguesa no mercado.
“Isto é bastante peculiar, para não usar uma expressão mais forte”, comentou.

