Por Ana Rita Faria, in Público on-line
A deterioração das condições económicas e as restrições do crédito vão fazer o investimento encolher este ano. De acordo com o INE, as empresas deverão investir menos 7,7 por cento em termos nominais em 2011.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou hoje as conclusões do Inquérito ao Investimento de Abril, que cobre o período entre 1 de Abril e 29 de Junho deste ano. O estudo mostra que o investimento empresarial deverá apresentar um decréscimo de 7,7 por cento em 2011 em termos nominais, depois de ter caído 5,4 por cento em 2010.
Estes valores representam revisões de menos quatro pontos percentuais em 2011 e de 0,8 pontos em 2010, face às projecções apresentadas no inquérito anterior. Este ano, a revisão em baixa “terá traduzido o adiamento ou cancelamento de investimentos devido à deterioração das perspectivas quanto à evolução da actividade económica durante o ano de 2011”, explica o INE.
Questionadas sobre qual o principal factor limitativo para o investimento, a maioria das empresas inquiridas pelo INE (54,1 por cento) refere a deterioração das perspectivas de venda. Cerca de 17 por cento apontam a rentabilidade dos investimentos como o principal factor a limitar a sua capacidade de investir, enquanto, para 11,2 por cento, o principal problema é a dificuldade em obter crédito bancário.
Este agravamento das condições de crédito é também visível nos dados sobre a principal fonte de financiamento do investimento. Para 58,7 por cento das empresas, o autofinanciamento continua a ser o principal veículo para obter dinheiro para investir. Já o crédito bancário é indicado por 26,9 por cento das empresas como a segunda principal fonte de financiamento. Em 2010, a percentagem era maior: 29,3 por cento das empresas.
Além disso, os objectivos do investimento parecem estar também a adaptar-se cada vez mais ao actual contexto económico. Neste momento, 32,9 por cento das empresas estão a investir por motivos de reestruturação e racionalização. Cerca de 28,9 por cento querem aumentar a sua capacidade de produção e 27,2 por cento fazem-no por uma questão de substituição.
Turismo é sector com maior quebra
Entre os vários sectores da economia, a maior quebra de investimento em 2011 deverá ocorrer no alojamento, restauração e similares (menos 40,7 por cento), seguindo-se o comércio por grosso e a retalho e reparação de veículos automóveis e motociclos (menos 27,2 por cento).
O investimento na construção deverá recuar 26,4 por cento, enquanto o das actividades de consultoria, cientificas, técnicas e similares vai cair 24,9 por cento.
No caso da indústria transformadora, o investimento deverá recuar 12,7 por cento em 2011, devido sobretudo às quebras na fabricação de veículos automóveis e outro equipamento de transporte (menos 43,2 por cento), de indústrias da madeira e da cortiça (menos 30,3 por cento) e de fabrico de pasta e de papel (menos 27,3 por cento).