Ana Silva e Ana Neves, in i-GOV
Numa época em que se fala tanto de ferramentas e redes sociais, com a nova proposta do Google – o Google Plus – a gerar ainda mais discussão e interesse em torno do futuro destas plataformas, parece consensual que o fenómeno “social” veio para ficar. O paradigma de comunicação e interacção de pessoas, marcas e organizações foi alterado de forma profunda, e parece já difícil imaginar um mundo onde a participação e voz colectiva não sejam uma certeza, independentemente de qual a(s) plataforma(s) que vingarão no futuro.
Se na esfera pessoal utilizamos as ferramentas sociais para comunicarmos e partilharmos conteúdos com a nossa rede de “contactos”, no contexto profissional é crescente a utilização destes canais verdadeiramente bidireccionais pelas organizações e pelas marcas que procuram ouvir e interagir com os seus consumidores, perceber o contexto envolvente e identificar potenciais colaboradores.
Mas também o mundo da cidadania tem sido tocado pelo fenómeno “web social” ou “web 2.0”. São já inúmeros os casos internacionais de organizações não governamentais, instituições de governo local, regional ou nacional, ou organismos públicos, que utilizam plataformas sociais para interagir com os cidadãos.
Um dos casos recentemente divulgado, por exemplo, dava conta de como a polícia de Queensland, Austrália, usou o Facebook e Twitter para a comunicação de crise durante as fortes cheias que assolaram aquela região em Janeiro de 2011. Tais ferramentas mostraram-se fundamentais para uma comunicação ágil com as populações, colmatando o processo mais lento de actualização dos meios de comunicação tradicionais para fornecer informações valiosas como vídeos, alertas sobre estradas cortadas ou correcção de informações imprecisas veiculadas por outros meios.
Os números da iniciativa inovadora da polícia de Queensland, e medindo apenas o impacto na página de Facebook, são impressionantes: a história mais lida teve 39 milhões de visualizações num mesmo dia, a página passou de 8.000 likes antes da tragédia para 160.000 likes durante os acontecimentos, e a história mais comentada recebeu cerca de 11.000 comentários!
Um outro exemplo é o site “A minha rua” , uma iniciativa da AMA - Agência para a Modernização Administrativa, I.P., e no qual os cidadãos são convidados a reportar situações anómalas nas suas áreas de residência. Tal como o Fix My Street do Reino Unido , é um exemplo de como é possível reduzir custos e aumentar a qualidade e rapidez do serviço autárquico se se envolverem os cidadãos, responsabilizando-os pela identificação de problemas nos locais que habitualmente frequentam.
O crescente interesse por estes temas e a crescente utilização de plataformas sociais para diálogo com os cidadãos tem-se vindo a sentir também em Portugal, com alguns órgãos de governo local e algumas organizações não governamentais (ONGs) a darem os primeiros passos na abertura de canais de diálogo com os cidadãos usando novas plataformas online (Facebook, Twitter, e outras) e ferramentas sociais em geral (wikis, blogues, etc). É o caso da AMI que tão bem tem usado a sua página no Facebook para informar e dinamizar.
Muito trabalho há ainda pela frente, mas parece consensual que a participação dos cidadãos na discussão dos problemas e decisões que afectam as suas comunidades, sejam elas mais abrangentes ao nível da nação ou mais restritas ao círculo da freguesia/autarquia, garante um maior envolvimento dos mesmos e ajuda os decisores a melhor traçar os caminhos a seguir. Lá diz o ditado, onde todos ajudam…
É exactamente a discussão e reflexão sobre o uso de ferramentas sociais para o exercício da cidadania o mote do evento Cidadania 2.0 que terá a sua 2ª edição já no próximo dia 13 de Outubro, novamente em Lisboa. Para mais informações sobre este evento, gratuito mas de inscrição obrigatória, convidamo-los a consultar o site do evento e também a acompanhar todas as novidades através do Twitter.

