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O ensino particular viu-se obrigado a dispensar centenas de professores por causa da crise e, apesar de os estabelecimentos de topo estarem cheios, os mais pequenos enfrentam dificuldades que já levaram a encerramentos, por falta de alunos.
«Continuamos a ter unidades com uma procura muito grande, embora com alguma rotatividade porque há pessoas que não conseguem lá manter os filhos, mas outros estabelecimentos estão a sentir grandes dificuldades», disse à agência Lusa o diretor executivo da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEP), Rodrigo Queiroz e Melo.
Embora sem ter números precisos sobre a «fuga» de alunos do ensino privado para o público, o responsável indicou que o sector privado apresentava uma linha em crescendo que «claramente não vai manter» este ano. «Números ainda não temos, mas claramente não vai haver crescimento este ano» assegurou.
Em consequência da crise, verificou-se também neste sector «uma diminuição significativa» de postos de trabalho entre funcionários e professores, particularmente neste último grupo, em maioria nos colégios.
Rodrigo Queiroz e Melo estima em centenas os professores dispensados no sector privado, em que já houve estabelecimentos a encerrar por falta de alunos, nomeadamente na margem Sul do Tejo, devido a dificuldades financeiras dos pais dos alunos.
«As famílias deixaram de ter capacidade para lá ter os filhos e os colégios vieram a reduzir turmas até não terem viabilidade económica», explicou.
Também o Movimento de Escolas Privadas com Ensino Público Contratualizado (MEPEC) afirmou existir «alguma fuga destes colégios», mas «não tão grande como nos estabelecimentos onde os pais têm de pagar a totalidade das mensalidades».
Mesmo assim, alguns pais acabaram por retirar os filhos de colégios com contratos de associação com o Estado, em função da crise e da «instabilidade» provocada pela ¿incerteza¿ que resultou do corte no financiamento decidido pelo anterior Governo.
«Acabou por afectar e fazer com que os pais ficassem com algum receio. Em alguns casos até provocou redução de turmas», disse à Lusa o presidente do MEPEC, Valter Branco.
No concurso deste ano para professores contratados nas escolas públicas, ficaram sem colocação cerca de 37 mil docentes, segundo estimativas dos sindicatos.

