8.9.11

OCDE revê em baixa previsões de crescimento para os principais países desenvolvidos

Por Paulo Miguel Madeira, in Público on-line

A OCDE reviu hoje em baixa as suas perspectivas de crescimento da economia dos principais países industrializados (o G7) na segunda metade desta ano, que excluindo o Japão deverá ficar abaixo de um por cento em ritmo anualizado.

A Organização considera que a recuperação da economia parece estar a chegar ao fim e não exclui uma eventual recessão nalguns países desenvolvidos, considerando também que a crise na zona euro se pode ainda agravar. O crescimento continua forte na maioria das economias emergentes, mas agora a um ritmo mais moderado.

O produto das três maiores economias da zona euro (Alemanha, França e Itália) deverá crescer no terceiro trimestre a um ritmo anualizado de 1,4 por cento, mas no quarto deverá cair 0,4 por cento, também em ritmo anualizado, avança a organização num relatório intercalar divulgado hoje sobre as Perspectivas Económicas para os Países da OCDE – organização que reúne mais de 30 países, quase todos com economias de mercado desenvolvidas.

O maior trambolhão deverá acontecer na Alemanha, onde este trimestre o PIB ainda deverá avançar uns robustos 2,6 por cento anualizados, mas no quarto deverá recuar 1,4 por cento.

Em França o crescimento até deverá retomar algum vigor no terceiro trimestre, para 0,9 por cento, após ter estagnado no segundo. Mas no final do ano deverá abrandar, para 0,4 por cento. Antes, as previsões de final de Maio apontavam para respectivamente 1,8 por cento e 1,9 por cento. A Itália de verá ficar praticamente estagnada na segunda metade do ano.

“O crescimento está a tornar-se muito mais lento do que pensávamos há três meses, e o risco de vir a entrar numa rota de crescimento negativo aumentou”, disse o economista-chefe da OCDE, Carlo Padoan, numa conferência de imprensa de apresentação do relatório.

O Japão deverá ter no terceiro trimestre uma recuperação expressiva da actividade, de 4,1 por cento em ritmo anualizado, após três trimestres consecutivos também com recuos significativos, mas deverá estagnar entre Outubro e Dezembro.

A situação parece menos negativa na América do Norte, com os EUA a crescerem 1,1 e 0,4 por cento nos segundo e terceiro trimestres, face a 2,9% e 3,0% antes. O Canadá deverá crescer 1,0 e 1,9 por cento.

A OCDE explica que o debate sobre a política fiscal nos EUA, a crise da dívida soberana na Europa e o facto de os governos terem agora menos opções para impulsionar o crescimento estão a fazer cair a confiança quer das empresas quer dos consumidores. Por outro lado, diz que a extensão do impacto do desendividamento dos bancos pode ter sido subestimado.

Por outro lado, fala no risco de o desemprego elevado se tornar persistente.