Por PÚBLICO, Agências
O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, considerou hoje que a crise da zona euro atingiu dimensões sistémicas que obrigam a “decisões claras” por parte dos líderes da zona euro.
Trichet diz que, se a próxima cimeira europeia, adiada para 23 de Outubro, “permitir dar respostas claras” em questões que mais preocupam as autoridades europeias – a recapitalização da banca e a crise da dívida na Grécia – “é o que é importante”.
“A crise é sistémica e deve ser enfrentada com determinação”, insistiu, falando na Comissão de Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu, em Bruxelas, enquanto presidente do Comité Europeus de Riscos Sistémicos, dirigido pela autoridade monetária da zona euro.
“A grande interconexão no sistema financeiro da União Europeia levou a um crescente risco de contágio significativo”, que, diz, Trichet, põe em causa a própria estabilidade financeira da União “como um todo e tem impactos adversos na economia real na Europa e fora dela”.
Trichet tem insistido numa resposta rápida para a implementação de reformas estruturais nos países da zona euro, para que os Estados reduzam os défices públicos de acordo com o Pacto de Estabilidade e Crescimento.
Sobre as reformas do fundo de socorro do euro que aguardam luz verde de todos os países da moeda única para serem implementadas, Trichet tem pedido aos líderes europeus uma resposta rápida para ser concretizado o que ficou acordado na última cimeira da União e da zona euro.
A chanceler alemã, Angela Merkel, reforçou também hoje, por seu lado, a “vontade política” dos líderes europeus em superarem a crise, a mesma mensagem que deixou no domingo quando prometeu em connunto com o Presidente francês, Nicolas Sarkozy, um pacote anticrise para a zona euro.
Em Julho, os líderes europeus determinaram alterações às regras de funcionamento do Fundo Europeu de Estabilização Financeira, para este mecanismo de suporte aos empréstimos externos aos países em dificuldades poder comprar dívida dos Estados no mercado secundário – aliviando as taxas de juro a que os países se vão financiar nos mercados de revenda de Obrigações do Tesouro.
A Eslováquia vota hoje no seu Parlamento as mudanças das atribuições do FEEF, que só avançarão depois de todos os 17 países da moeda única ratificarem a reforma do fundo (a Eslováqia é o último país a votar as mudanças).

