in Diário de Notícias
O serviço de apoio domiciliário do Banco do Bebé diz que este ano, pela primeira vez, começaram a aparecer casos de famílias carenciadas que, depois de terem tido "alta social", voltaram a pedir ajuda à instituição.
No ano passado, o Banco do Bebé - Associação de Ajuda ao Recém-Nascido (AARN), que nasceu há mais de uma década na Maternidade Alfredo da Costa -, ajudou 47 famílias através do seu projeto de Apoio Domiciliário.
O programa, direcionado para famílias carenciadas que têm bebés prematuros, nasceu em 2003 a pedido do serviço de neonatal.
"Os bebés prematuros vão para casa muito frágeis e as mães não sabem bem tratar deles", disse a presidente da instituição, Marina Arnoso, explicando que as voluntárias dão "todo o apoio possível e necessário".
As mães e bebés chegam às voluntárias através do Serviço Social da Maternidade Alfredo da Costa, que percebe estar perante uma família carenciada. As técnicas da associação ficam com as famílias até sentirem que a situação familiar está estável.
"Os casos são todos diferentes, mas normalmente este acompanhamento dura desde o nascimento do bebé até fazer dois ou três anos", contou à Lusa a presidente da instituição Marina Arnoso. No final, "a voluntária fica praticamente madrinha destas famílias".
Até agora, quando a equipa do Banco do Bebé dava "alta" à família considerava que o processo de ajuda estava encerrado.
No entanto, muitas das famílias a quem a instituição deu alta já telefonaram a pedir novamente ajuda o que, segundo Marina Arnoso, é um sinal da crise e do aumento do desemprego.
"O que nós encontramos nas famílias a quem damos apoio domiciliário é que estão muito mais carenciadas, porque há um aumento do desemprego", lamentou.
Além da ajuda domiciliária, no ano passado, o Banco do Bebé entregou 362 enxovais e 261 alcofas e ajudou outras 50 famílias dando-lhes apoio financeiro.
A associação conseguiu ainda disponibilizar 2.442 receitas de medicamentos que não tinham comparticipação estatal.
As 70 voluntárias, conhecidas na Alfredo da Costa pelas suas batas amarelas, fizeram 2750 visitas a todas as secções da maternidade, desde as enfermarias, às urgências e à unidade de prematuros.
O projecto Banco do Bebé nasceu de uma iniciativa de um grupo de voluntárias que há 20 anos começou a dar apoio às mães que tinham os filhos na Alfredo da Costa.
"Naquela altura as famílias não podiam entrar na Maternidade e por isso nós apoiávamos as mães", lembra Marina Arnoso, recordando que "um dia uma voluntária apercebeu-se que havia bebés que abandonavam a maternidade sem ter nada para vestir".
As voluntárias juntaram-se e "no primeiro ano deram-se dez enxovais, o que é uma coisa fantástica", recorda orgulhosa a presidente.
Hoje, ajudam mensalmente 260 famílias carenciadas e são mais de 2290 os apoios com bens essenciais ao desenvolvimento do bebe.

