13.11.11

Padarias dominam indústria alimentar

in Jornal de Notícias

As padarias representam mais de metade da indústria alimentar nacional, mas pesam pouco na facturação, segundo uma análise sectorial do Banco de Portugal, realizada entre 2000 e 2009.

Em 2009, as indústrias alimentares agregavam cerca de 5600 empresas, representando 14% do universo das indústrias transformadoras, 16% do volume de negócios e 13% do total de trabalhadoras.

O sector alimentar é dominado pelas panificações, que representam 63% do total de empresas e 44% dos trabalhadores, embora a facturação não ultrapasse os 13%.

As indústrias ligada ao abate de animais e preparação de carne são as que mais facturam, com 19% do total de volume de negócios do sector alimentar, seguindo-se os lacticínios, com 14%, apesar de representarem apenas 5% das empresas.

As empresas ligadas à preparação e conservação de frutas e hortícolas (3% do total das indústrias alimentares) tinham o peso mais baixo a nível do volume de negócios, não indo além dos 5%.

O volume de negócios das indústrias alimentares cresceu de forma acentuada entre 2006 e 2008, mas contraiu 7% em 2009, ano que se caracterizou por uma retracção de 2,5% do PIB depois de vários anos de fraco crescimento da economia.

Em 2009, metade das empresas da indústria alimentar apresentou decréscimos na facturação superiores a 3%, contrariamente ao ano anterior em que cresceram mais de 4%. As grandes empresas foram as que apresentaram um valor mais negativo (-5%).

A evolução das exportações de bens e serviços foi positiva ao longo da década e atingiu 15% do volume de negócios das indústrias alimentares em 2009. Ainda assim, foram insuficientes para ultrapassar o saldo deficitário nas operações comerciais com o exterior (7%).

O Banco de Portugal destaca que não se registaram grandes alteração na estrutura das indústrias alimentares no período em análise, notando apenas "um ligeiro aumento" das indústrias ligadas à panificação e o recuo das indústria vocacionadas para o sector horto-frutícola, de produção de óleos e gorduras e fabrico de rações.

As indústrias alimentares operam num mercado sem concentração, excepto no caso dos lacticínios em que as cinco empresas com maior quota de mercado eram responsáveis por mais de 70% do facturação e cerca de metade dos postos de trabalho.

A taxa de crescimento do crédito obtido pelas indústrias alimentares atingiu um pico em 2006 (19%) e desacelerou depois, atingindo valores negativos em 2009 (-10%).

No primeiro semestre de 2011, o crédito às empresas deste sector aumentou 3%, com destaque para as indústrias de preparação e conservação de peixes e crustáceos que cresceram 15%. A área da panificação ficou no extremo oposto com uma retracção de 4,4%.

O rácio de incumprimento aumentou acentuadamente a partir de 2008, sobretudo na classe das microempresas, atingindo 24% no primeiro semestre de 2011, face aos 16% das PME e 8% nas grandes empresas.