Ilídia Pinto, in Dinheiro Vivo
Vítor Bento considera que o modelo actual de Estado social se "tornou insustentável" e que é necessário "renegociar as despesas do contrato social". O economista e conselheiro de Estado falava na palestra sobre O Modelo Social e as Finanças Públicas.
Vítor Bento reconhece que, em termos ideais, o contrato social "deveria compreender aquilo que corresponde à teoria marxista", que assente no "princípio ideal de cada um segundo as suas capacidades e a cada um segundo as suas necessidades". Mas reconhece que, a verdade, é que "tendemos a olhar só para o lado dos direitos e a ignorar que são simultaneamente obrigações sociais".
Certo é que na redefinição do contrato social "não vai haver lugar para toda a gente à mesa", sublinha o economista, pelo que "será necessário concentrar a distribuição nos que efectivamente necessitam". Do lado da componente produtiva, diz, há que "introduzir flexibilidade e aumentar a produtividade".
Vítor Bento sublinha que a variável-chave é o aumento da produtividade e que "não há outra forma de o conseguir", a não ser "distribuir petróleo", mas, mesmo assim, sublinha que não conhece nenhuma sociedade desenvolvida que resulte da exploração de recursos naturais, antes pelo contrário. "O petróleo faz sociedades ricas, não faz sociedades desenvolvidas", frisou.