Por Ana Rita Faria, in Público on-line
Os riscos económicos e a perspectivas de crescimento voltaram a dominar as preocupações, revela um estudo do Fórum Económico Mundial, que será discutido na reunião de Davos, Suíça, no final do mês.
O estudo parte de inquéritos a 469 especialistas, do mundo académico, empresarial, governamental, e identifica 50 riscos globais para os próximos dez anos, agrupados em diferentes categorias: económicos, ambientais, sociais, geopolíticos e tecnológicos. Comparado com o ano anterior, parece ter havido uma viragem das preocupações dos riscos ambientais para os riscos socioeconómicos, nota o relatório, destacando que, no próximo ano, os receios sobre as perspectivas de crescimento da economia mundial "estão na linha da frente das preocupações dos inquiridos”.
No campo económico, o principal risco para os próximos dez anos são os desequilíbrios orçamentais crónicos, ao qual está intimamente ligado o segundo maior risco: o de uma falência financeira sistémica, ou seja, o colapso de grandes instituições bancárias e financeiras, bem como de regimes monetários. Em terceiro lugar, surge o risco de disparidade elevada dos rendimentos, que irá aumentar as desigualdades sociais.
Entre os riscos económicos para a próxima década encontra-se, também, a grande volatilidade dos preços energéticos e agrícolas, os desequilíbrios crónicos do mercado laboral e o risco de deflação ou inflação.
De acordo com o relatório, estes riscos ameaçam o crescimento mundial, uma vez que podem vir a gerar ondas de nacionalismo, populismo e proteccionismo. “Pela primeira vez em várias gerações, são muitas as pessoas que não acreditam que os seus filhos terão um padrão de vida superior ao seu”, afirma Lee Howell, responsável do Fórum Económico Mundial. “Esta nova sensação de mal-estar é especialmente grave nos países industrializados”, conclui.
O estudo alerta mesmo que a vulnerabilidade mundial a novos choques económicos e os riscos de turbulência social podem enfraquecer o processo de globalização. Uma discussão que deverá ser desenvolvida no encontro do Fórum Económico Mundial em Davos, na Suíça, entre 25 e 29 de Janeiro.
Ao nível dos riscos ambientais, o relatório identifica o aumento das emissões de dióxido de carbono para a atmosfera e o fracasso na adaptação às mudanças climáticas como os maiores riscos para os próximos dez anos. Ao nível geopolítico, os líderes mundiais estão, sobretudo, preocupados com a possibilidade de haver um fracasso na governação mundial e com a fragilidade de alguns Estados críticos.
Já os principais riscos sociais passam pela sustentabilidade do crescimento populacional mundial e pela possibilidade de haver um retrocesso no processo de globalização. Finalmente, a nível tecnológico, a possibilidade de um colapso dos sistemas tecnológicos e os ataques informáticos dominam os receios dos especialistas.