11.7.12

Daniel Bessa: 'preferia sofrer tudo de uma vez'

in Sol

O economista Daniel Bessa criticou ontem a possibilidade de flexibilização no tempo das metas assumidas entre Portugal e a troika, admitindo que preferia a aplicação de medidas para «sofrer tudo de uma vez» e «partir para outra».

«Prefiro sofrer tudo de uma vez, porque senão nunca mais se vê a luz ao fundo do túnel. Pessoalmente, sou adepto de políticas mais duras e que acabem mais depressa, mas não é esse o sentimento dos portugueses em geral», afirmou à agência Lusa.

Para Daniel Bessa, que falava em Arcos de Valdevez numa sessão sobre o futuro da economia portuguesa, ter mais tempo para o ajustamento da economia nacional «na perspectiva imediata é sempre melhor».

«Os cortes não serão tão grandes, acho que isso, do ponto de vista político, será bem aceite. A alternativa era uma política mais violenta e mais curta, de que eu, pessoalmente, gosto mais», admitiu, reconhecendo, no entanto, tratar-se de uma posição «contrária» ao que pensa «grande parte do país».

«Anseio pelo dia que se possa dizer que as contas estão acertadas, é por isso», disse ainda.

Daniel Bessa reconheceu, ainda assim, que Portugal «não deixará de aproveitar» a «onda europeia» de «abrandar a austeridade» na estabilização das contas públicas, caminho aberto pelas eleições em França e pelo «bater do pé» de Itália.

Dirigindo-se directamente ao PCP e ao Bloco de Esquerda, Daniel Bessa criticou a opção, defendida por estes dois partidos, de «acabar» com políticas de austeridade em Portugal.

«Será que têm algum saco de dinheiro? Só pode dizer isso quem tem dinheiro na mão e essa conversa, com todo o respeito, não faz sentido», assumiu, classificando como «propostas irrealizáveis» tudo o que não seja austeridade até ao reequilíbrio das contas públicas.

Mais à direita, o economista afirmou ter «finalmente» percebido a «diferença entre o PSD e PS». «É um ano [no período de ajustamento]. Mas depois voltei a ficar sem perceber porque veio o doutor Frasquilho dizer que afinal são dois», ironizou o economista, perante cerca de uma centena de pessoas.

«O dinheiro, em Portugal, é sempre pouco. Essas medidas [de austeridade] vão ser necessárias e a última coisa que me habituei a esperar é por folgas», rematou.

Lusa/SOL