in Correio da Manhã
1,9 milhões têm menos de 421 €
Portugal tem 1,9 milhões de residentes que vivem em risco de pobreza, com menos de 421 euros por mês, revela o Inquérito às Condições de Vida e Rendimento realizado em 2011 e ontem publicado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Por agregados familiares, os mais afectados são os casais com três ou mais filhos, grupo em que 34,5% são pobres (mais 1,3% do que em 2009). Os menos atingidos pela pobreza são os agregados constituídos por três ou mais adultos sem crianças dependentes, que apresentam uma taxa de risco de 9,1% (valor igual ao de 2009).
No conjunto da população, os dados revelados pelo INE mostram um ligeiro agravamento da pobreza em relação a 2009. A percentagem da população pobre subiu uma décima, de 17,9% para 18%. O presidente da Associação de Famílias Numerosas, Fernando Ribeiro e Castro, sublinha que este agravamento das condições de vida das 200 mil famílias com três ou mais filhos resulta das políticas de austeridade do Governo. "São famílias que serão ainda mais penalizadas quando forem conhecidos os dados de 2011, uma vez que o Governo não reconhece os filhos na definição das taxas de IRS nem nas isenções das taxas moderadoras na Saúde", referiu Fernando Ribeiro e Castro. O responsável estima que mais dificuldades "irão surgir a curto prazo, com o brutal aumento dos transportes públicos, o fim do passe para estudantes e a subida das propinas".
Por faixa etária, 22,4% dos menores de 18 anos são carenciados, valor que se manteve inalterado entre 2009 e 2010. Por sua vez, entre a população com idade para trabalhar (18-64 anos), a pobreza afecta 16,2%. Por último, 20% dos idosos (mais de 65 anos) são pobres.
O estudo revela ainda que, numa outra investigação, a ‘Europa 2020’, um em cada quatro portugueses (24,4%) é pobre ou vítima de exclusão social (ver entrevista na página 47).
FOSSO ENTRE RICOS E POBRES SOFRE NOVO AGRAVAMENTO
É cada vez maior o fosso entre ricos e pobres. O relatório do INE revela que, em 2010, o rendimento dos 10% da população mais rica foi 9,4 vezes maior do que o obtido pelos 10% da população com menos recursos. Em 2009, esse valor tinha sido de 9,2 vezes. Quando comparados os 20% mais ricos com os 20% mais pobres, houve também agravamento da diferença dos rendimentos. Em 2010, os mais ricos receberam 5,7 vezes mais do que os mais pobres. Em 2009, esse valor foi de 5,6.