por André Rodrigues, in RR
"Ouvi, muitas vezes, em período eleitoral, que, acima de tudo, estão as pessoas. Onde está esse desígnio?...", desabafa o presidente da Caritas Portuguesa.
O presidente da Cáritas Portuguesa antevê enormes dificuldades para prosseguir a missão de prestar assistência à população mais desfavorecida, com a aplicação das novas medidas de austeridade ontem anunciadas.
Eugénio da Fonseca admite, em declarações à Renascença, que "apesar dos esforços que têm sido pedidos a muitos dos que nos continuam a ajudar, estão a aumentar desproporcionalmente os pedidos e a complexidade dos problemas".
O presidente da Cáritas mostra-se ainda preocupado pelo facto do próximo Orçamento do Estado apontar para uma redução das prestações sociais: "[o orçamento] deveria contemplar uma quantia substancial, reforçando o orçamento da Segurança Social, para que fossem contempladas verbas na área da acção social. Já que não se pode criar empregos, ao menos que se assegurem as condições básicas de subsistência das pessoas".
"Não está em causa nenhum direito constitucional, estão em causa os direitos humanos, e temos que equacionar a legitimidade de um governo que não respeite os direitos humanos", sublinha Eugénio da Fonseca.
Nestas declarações à Renascença, o presidente da Cáritas Portuguesa deixa um desabafo face às diferenças entre os discursos eleitorais e a prática do exercício do poder: "Ouvi, muitas vezes, em período eleitoral que, acima de tudo, estão as pessoas. Onde está esse desígnio?...".