7.10.12

Políticos portugueses estão obcecados pela conservação de empregos

por Anabela Góis, in RR

Daniel Bessa diz que mais vale ajudar as empresas dinâmicas a crescer do que apoiar as que estão em dificuldades e garante que o saldo final em termos de emprego é positivo.

O Estado português não deve ajudar as empresas em dificuldade mas sim as que tem maior potencial. É uma tese defendida em Madrid, pelo ex-ministro Daniel Bessa.

O Secretário-geral da COTEC, reunida na capital espanhola, enfatiza que tal receita ajudará a ampliar o mercado de trabalho.

Daniel Bessa conclui que mais do conservar os empregos que tem, Portugal deve focar-se nos que podem ser criados e para isso há que ajudar mais as empresas bem-sucedidas que aquelas que estão em dificuldades: “Os países crescem mais, evidenciam um maior número de empresas em rápido crescimento e também um maior número de empresas em rápido declínio. Parece difícil fazer uma coisa sem a outra, porque se o mercado está reservado para empresas em grande dificuldade, as que têm mais potencial não conseguem crescer”.

Esta mudança de estratégia não implica mais despedimentos, garante Daniel Bessa: “os países que têm, esta dinâmica criam mais empregos do que nós. Nós estamos mais preocupados com os empregos que podemos perder, eles preocupam-se com os empregos que podem ganhar. Se forem mais os empregos a ganhar, o resultado líquido é positivo”.

Tendo em conta o tecido empresarial português, constituído na sua esmagadora maioria por pequenas e médias empresas, não seriam mais de 3% de empresas a fechar as portas. A questão é sobretudo cultural, garante Daniel Bessa: “Na política portuguesa há uma obsessão com a conservação dos postos de trabalho”.

Também em Madrid o Presidente da República, Cavaco Silva, disse que as empresas grandes deviam ajudar as mais pequenas. Daniel Bessa concorda, desde que isso não signifique proteccionismo mas sim apenas estímulo ao desenvolvimento.

O presidente português insistiu, por outro lado, que o crescimento económico não pode depender unicamente da redução de custos e que é preciso apostar na qualidade e na inovação.