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Igreja diz que em causa está «o respeito às famílias e essencialmente aos menores»
A prostituição no bairro da Quinta do Grilo, em Viseu, que tem motivado queixas de moradores e o aumento de policiamento, é «um mau exemplo para os menores», disse esta terça-feira o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
Manuel Morujão salientou, citado pela Lusa, que este caso «diz respeito às autoridades públicas», que a Igreja espera «que tratem bem da situação», não estando em causa «uma moral espartana», mas sim «o respeito às famílias e essencialmente aos menores».
O padre sustentou ainda que «tudo o que puderem fazer as autoridades públicas para dar estabilidade às famílias, a Igreja e a sociedade em geral agradecem».
A PSP de Viseu tem em curso uma investigação ao bairro da Quinta do Grilo, conhecido como zona de prostituição, mas o seu comandante admite que é «difícil recolher prova» porque a atividade se pratica dentro de apartamentos.
«Não há ali prostituição a céu aberto, nas ruas. É uma prostituição encapotada, o que em termos de investigação se torna muito mais complicado», disse, na segunda-feira à Lusa o comandante Victor Rodrigues, na sequência de novas queixas de moradores daquele bairro.
Há vários anos que moradores daquele bairro residencial, situado junto ao Hospital de S. Teotónio, se queixam do mau ambiente gerado depois de várias prostitutas terem ido morar para lá, tendo feito abaixo-assinados e apresentado queixas na PSP.
O comandante explicou que deu «instruções ao pessoal fardado para policiar com muita frequência aquela zona e, inclusive, abordar as pessoas» que se deslocam lá.
Um responsável do núcleo de Viseu da associação de defesa de direitos humanos Olho Vivo, defendeu à Lusa que a solução passa pela legalização da prostituição.
Carlos Vieira disse compreender a indignação demonstrada por alguns moradores, mas lembrou que também as prostitutas são moradoras no bairro, pagam renda e «têm necessidade de ganhar a vida, até porque muitas são compelidas para a prostituição» por dificuldades financeiras.
Na sua opinião, «se deixar de haver essa hipocrisia e a prostituição passar a ser uma atividade legal, passando as prostitutas a pagar impostos e a ter direitos laborais, tudo adquire um caráter muito mais normal».
Desta forma, «os locais onde elas moram e têm a sua atividade deixariam de ser encarados como bairros vermelhos, como locais de pecado», e elas poderiam até «estar mais disseminadas», ao invés de se concentrarem em determinadas zonas da cidade, acrescentou.

