in Correio do Minho
A Amnistia Internacional acusa os países da União Europeia de não fazerem o suficiente para acabar com a discriminação das pessoas ciganas, antecipando o Dia Internacional do Povo Cigano. A Europa é desafiada a aplicar de imediato as medidas de que dispõe para punir os Estados que não combatem a discriminação dos ciganos e a violência contra eles. Estamos perante práticas contrárias às leis europeias e aos princípios da Liberdade, Democracia e respeito pelos Direitos Humanos.
Na União Europeia vivem cerca de seis milhões de pessoas ciganas em sub-desenvolvimento humano: oito em cada dez pessoas ciganas está em risco de pobreza e só um em cada sete adultos jovens ciganos tem educação secundária.
Os desalojamentos forçados de pessoas ciganas continuam a ser a norma em países como Romênia, Itália e França e na Espanha foram desalojadas 54 famílias ciganas do povoado de Puerta de Hierro, sem que lhes fosse garantido um alojamento alternativo.
Na República Checa, Hungria, Grécia, Bulgária e Eslováquia pratica-se a segregação escolar, contrariando as leis europeias e estimulam agressões graves contra pessoas c
iganas e suas propriedades, com tiroteios, facadas e incêndios provocados.
Em numerosos casos, as autoridades policiais não impediram nem investigaram estes casos. Há 13 anos, a União Europeia adoptou a Directiva da Igualdade racial que proíbe a discriminação racial nos centros de trabalho, educação, acesso a bens e serviços, habitação e cuidados médicos.
Em 2009, a Carta de Direitos Fundamentais consagra esses direitos e a Comissão Europeia tem poderes para actuar contra os Estados incumpridores e nunca os exerceu. Vemos uma Comissão apressada em punir Estados por questões menores mas esquece questões de vital importância para milhões de pessoas. É uma nódoa para quem foi galardoado com o Prémio Nobel da Paz. A União Europeia tem essa responsabilidade, obrigação e capacidade para garantir o cumprimento da lei.
Todos nós sabemos que lutar contra a injustiça custa mais do que sofrê-la e o mesmo acontece com a discriminação.
Sabemos também que uma injustiça para com alguns é uma ameaça à justiça em todos os lugares para todos. A seguir à discriminação das pessoas ciganas, podemos ser nós.