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De acordo com um estudo de opinião lançado na segunda, com a crise da moeda única, a confiança na instituição europeia e nos benefícios que deveria providenciar está a ficar cada vez mais debilitada.
O estudo, realizado anualmente por uma organização não partidária em Washington, mostra que há um sentimento de profunda desilusão com a UE, especialmente por parte dos países considerados os principais membros. Os resultados do estudo mostram que a grande maioria dos cidadãos podem acabar por se opor à transferência de mais poder para as instituições europeias. Transferência que pode ser vital para a transformação do euro para uma moeda viável a longo termo.
“O esforço que se fez na última metade de século para criar uma Europa mais unida é agora a principal causa da crise da moeda única”, pode-se ler no documento. O próprio título resume as conclusões alcançadas: “O Novo Doente da Europa: a União Europeia”.
Segundo os resultados do estudo, o país mais desiludido é a França. O ano passado, o mesmo estudo apontava que 60% dos franceses tinha uma impressão positiva da UE. Este ano, apenas 41% dos franceses mantém essa posição. A diferença de 19 pontos percentuais foi a maior diferença registada entre todos os países analisados.
Até certo ponto, os resultados demonstram o estado da economia de um país. Depois dos franceses, apenas os gregos e os italianos demonstraram menor confiança nos benefícios na união económica. Já na Alemanha, 60% da população tem uma impressão positiva da instituição.
Em relação aos franceses, o estudo aponta outra conclusão: existe relutância em ajudar financeiramente outros estados-membros em crise.
“Já estávamos sobrecarregados de impostos e agora estamos a mandar todo o dinheiro para Bruxelas e para ajudar a Grécia ou a Espanha ou onde quer que seja”, disse Eric Holenreith, um dos cidadãos franceses inquiridos. “Por causa da crise, essas pessoas não têm trabalho e vêem para a França procurá-lo. Isso preocupa-me, já não há trabalho suficiente para os próprios franceses”.
Uma das surpresas do estudo veio da Alemanha: ao contrário da vizinha França, a nação germânica não se opõe a auxiliar financeiramente outros países europeus.
Desilusão é um “paradoxo”
“Actualmente, os limites da arquitectura institucional da UE são perceptíveis de maneira mais directa pelos cidadãos”, disse Enzo Milanesi, ministro italiano encarregue da pasta dos Assuntos Europeus. “Os limites sempre foram conhecidos mas os cidadãos esperavam uma resposta mais rápida e eficiente à crise, e não processos morosos e excesso de burocracia”.
“Mas é um paradoxo”, acrescentou. “A UE tem dado grandes passos na direcção da integração e de uma união monetária fortalecida. Até temos discutido possíveis uniões políticas mas as pessoas continuam desiludidas”.

