A transição energética está aí e vai transformar todos os domínios da economia, tornando-os mais sustentáveis. E o imobiliário não é exceção. Mas ainda há um longo caminho a percorrer neste sentido, estando por isso a surgir novos apoios para melhorar o desempenho energético das casas e incentivos por parte dos bancos ao financiamento de casas mais sustentáveis. Isto porque, em Portugal, 63% do montante dos empréstimos habitação foi destinado à compra de casas com baixa eficiência energética. E, segundo o Banco de Portugal (BdP), há riscos climáticos de transição a considerar.
Naquele que é o primeiro Relatório Anual sobre a Exposição do Setor Bancário ao Risco Climático, o BdP revela que 63% do montante dos empréstimos garantidos por imóveis, tinha subjacentes casas com eficiência energética mais baixa.
Ainda assim, “apenas 4% do montante de empréstimos à habitação apresenta simultaneamente uma intensidade energética elevada e rácios loan-to-value (LTV) atuais superiores a 80%, mitigando eventuais impactos de redução do valor dos imóveis com menor eficiência energética na exposição dos bancos”, conclui o regulador português.
Isto significa que apenas uma pequena parte dos empréstimos habitação apresenta, simultaneamente, percentagem de financiamento elevada e imóveis com eficiência energética mais baixa. Este cenário ajuda a mitigar o possível risco de desvalorização dos imóveis por via do seu baixo desempenho energético no futuro.
A verdade é que a “transição climática poderá vir a afetar as famílias detentoras de habitação, através de um aumento de preços da energia ou da desvalorização dos imóveis menos eficientes do ponto de vista energético”, aponta o regulador português liderado por Mário Centeno. E identifica ainda que “as situações de maior vulnerabilidade ao aumento dos preços da energia encontram-se nas habitações associadas aos escalões da população com níveis de rendimento mais baixo”, porque tem menor margem financeira para ajustar à subida das despesas energéticas.
Tendo a transição energética em mente, os bancos têm vindo a ajustar a sua oferta de crédito habitação, dando melhores condições a quem pede financiamento para comprar casas mais eficientes em termos energéticos. Estes são os chamados créditos habitação verdes. “Atendendo às circunstâncias atuais, os bancos procuram desenvolver iniciativas para apoiar a sustentabilidade e contribuir positivamente para o meio ambiente, entre elas oferecer condições favoráveis para imóveis com melhor certificação energética”, sublinha Miguel Cabrita, responsável pelo idealista/créditohabitação em Portugal.