10.12.09

Norte polui menos do que o resto do país

Helena Norte, in Jornal de Notícias

Compromisso para a redução de CO2, a nível regional, lançado no Porto


O Norte produz menos gases de efeito estufa do que a média nacional, contribuindo com 23% da totalidade de emissões do país. E quer afirmar-se pela positiva ao assumir uma carta de compromisso regional.

O documento resulta da reflexão realizada, ontem à tarde, no seminário "Alterações climáticas: a região Norte e o pós-Quioto", promovido pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento do Norte (CCDR/N), na Alfândega do Porto.

As medidas preconizadas dividem-se em três áreas - transportes, produção de energia eléctrica e edificado - e deverão ser implementadas até 2012, fazendo do Norte o motor da mudança que o país precisa operar, de acordo com Paulo Gomes, vice-presidente da CCDR/N. O objectivo é que, em 2015, os resultados já sejam visíveis na qualidade de vida.

A carta de compromisso pretende ser uma agenda para as alterações climáticas de alcance regional. Está alinhada com as orientações nacionais e deverá ser integrada nas políticas municipais e intermunicipais, segundo Paulo Gomes.

O sector dos transportes é o mais poluente, de acordo com Carlos Borrego, que sublinha a necessidade de adopção de medidas como a aquisição de viaturas energeticamente mais eficientes e o desenvolvimento dos sistemas de transportes públicos para reduzir a produção de gases com efeito de estufa.

Este objectivo de sustentabilidade impõem-se tanto mais que Portugal aumentou em 38% a produção de dióxido de carbono, entre 1990 e 2005, quando acordou num patamar de 27%. Além de políticas de diminuição dos níveis de poluição, o ex-ministro do Ambiente propõe o aumento da mancha florestal. Se os 647 mil hectares de floresta do Norte crescessem 14%, seria possível capturar os excessos dos transportes.

Eduardo Oliveira Fernandes, por seu lado, colocou a tónica nos edifícios. Para o investigador e perito da Agenda da Mobilidade, os níveis de poluição dependem, em grande medida, das estruturas das cidades. O Porto, por exemplo, há 50 anos "era 100% renovável" e agora tem edifícios que consomem 80% das energia.

O caminho é "pelas renováveis", garante o especialista, que citou estudos que apontam para que, até ao fim do século, os combustíveis fósseis assegurem apenas 10% da energia gerada.