in Diário de Notícias
Carla Cunha está desempregada há dois meses. O primeiro subsídio de desemprego recebeu-o a 12 de Fevereiro e como o marido recebe normalmente o seu também por volta desse dia, estranhou quando este mês nada foi depositado. "Tentei saber o que se passava junto do Centro de Emprego [da Póvoa de Varzim/Vila do Conde, onde está inscrita], até porque o abono de família também veio mais tarde este mês, e disseram-me que havia um atraso, mas que no dia 16 o dinheiro estaria no banco. Não estava", disse a ex-funcionária da Maconde.
Sexta-feira, muitas foram as ex-trabalhadoras da empresa têxtil que lhe ligaram na expectativa de que a ex-líder da comissão de trabalhadores soubesse o que se passava. "É muito chato, porque temos contas a pagar e um atraso destes faz sempre muita diferença", diz Carla Cunha, afirmando: "Se estivermos à espera do fundo de desemprego, morremos. Temos sempre de ter um fundo de lado para pagar as contas".
José Branco e Tiago Guinea são ex-funcionários da Qimonda e estão desempregados desde Outubro e Novembro do ano passado, respectivamente. Mas o salário reduzido já o sentem na pele há um ano, altura em que a empresa os mandou para casa em lay-off. "Não é por uns dias de atraso que se morre, mas é evidente que faz diferença. É com esse dinheiro que sobrevivo", diz Tiago. Posição semelhante tem José: "Para quem tem obrigações, como a casa para pagar, claro que causa transtorno. Além do mais, se não podemos confiar em quem nos governa, em quem vamos confiar?", questiona.
A agravar a situação, as perspectivas de mudar de vida não parecem estar para breve. "Por muito que se procure, as propostas de emprego são escassas, para não dizer nulas. Na minha área ainda não me apareceu nada e os ordenados são todos muito baixos", lamenta Tiago Guinea, que está inscrito no Centro de Emprego de Vila Nova de Gaia.
José Branco, inscrito no da Póvoa/Vila do Conde queixa-se do mesmo: "Foram muito poucas as propostas que apareceram e nenhuma que se aproximasse, nada mesmo, do que eu ganhava na Qimonda".