3.12.10

Estudo revela que Portugal é o país da OCDE com maior taxa de pobreza infantil

in RR

Portugal é ainda um dos países – ao lado da Itália, do Reino Unido, da Grécia e dos Estados Unidos – que menos protege o bem-estar das crianças mais vulneráveis.

Portugal é o país da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) com maior taxa de pobreza infantil, segundo um relatório divulgado hoje pelo Centro de Estudos Innocenti da UNICEF.

Algumas conclusões do relatório [clique aqui para ler o relatório na íntegra]:

1. Um pequeno grupo de países – Dinamarca, Finlândia, Países Baixos e Suíça – estão à frente na promoção da igualdade no que diz respeito ao bem-estar das crianças. Por outro lado, Grécia, Itália e Estados Unidos são os países que estão a deixar que as suas crianças fiquem mais para trás.

2. No que diz respeito ao rendimento disponível do agregado familiar, a Noruega e os países nórdicos são os que apresentam menos disparidades. No outro extremo da tabela surgem a Grécia, Portugal e Espanha como os países com os mais elevados níveis de desigualdade. Portugal é também o país da OCDE com maior taxa de pobreza infantil.

3. As desigualdades no desempenho educativo das crianças (em matéria de literacia em leitura, matemática e ciências) são menores na Finlândia, na Irlanda e no Canadá, e mais elevadas na Bélgica, em França e na Áustria.

4. Os Países Baixos, seguidos pela Noruega e Portugal, apresentam os níveis mais baixos de desigualdade na saúde, sendo o maior fosso neste domínio registado na Hungria, na Itália e nos Estados Unidos

Portugal é ainda um dos países – ao lado da Itália, do Reino Unido, da Grécia e dos Estados Unidos – pior posicionados ao nível da promoção da igualdade do bem-estar das crianças. No pólo oposto, surgem a Dinamarca, a Finlândia, os Países Baixos e a Suíça.

O estudo, intitulado “As Crianças que Ficam para Trás”, alerta para as sérias consequências que as desigualdades acarretam para estas crianças, bem como para a economia e para as sociedades.

“Num momento em que o discurso sobre medidas de austeridade e cortes em gastos sociais tem vindo a subir de tom, este relatório coloca o enfoque nas centenas de milhares de crianças que correm o risco de ficar para trás nos países mais ricos do mundo,” diz o director do Innocenti, Gordon Alexander.

“Esta situação não é inevitável”, acrescenta, realçando que o estudo “não se baseia num ideal teórico de maior igualdade, mas antes no que alguns países da OCDE já conseguiram atingir para as suas crianças”.


Os dados usados para chegar a estas conclusões são anteriores à crise de 2008 e os autores do documento salientam que o mundo "mudou muito" desde então: a "recessão económica afectou milhões" de pessoas e o desemprego disparou
(mais de cinco milhões ficaram sem trabalho entretanto).

Por isso, refere o documento, a imagem de desigualdade expressa no estudo é uma "fotografia tirada nos bons velhos tempos".

Não existem ainda dados que permitam perceber os impactos da crise nas crianças mais desfavorecidas mas, para a Unicef, existe uma certeza: "Nos tempos difíceis, as crianças mais pobres devem ser as primeiras a ser protegidas, não as últimas a ser consideradas".

Entre os melhores na saúde
Portugal, a par dos Países Baixos e da Noruega, apresenta os níveis mais baixos de desigualdade na saúde. O maior fosso neste domínio é registado na Hungria, na Itália e nos Estados Unidos.

Ao nível da educação, Portugal ocupa o 14º lugar em termos de desigualdades, a meio de uma tabela liderada pela Finlândia. Seguem-se a Irlanda, o Canadá, a Dinamarca, a Polónia, a Hungria e a Suécia.

Para detectar as disparidades, os investigadores avaliaram três indicadores: queixas de saúde feitas pelas próprias crianças, hábitos de alimentação saudável e actividade física.