14.12.10

Um em cada cinco portugueses estava em risco de pobreza

por Nuno Aguiar, iInformação

Em 2008 havia 2 milhões de portugueses em risco, segundo o gabinete da UE

Um em cada cinco portugueses estava em risco de pobreza, em 2008. Segundo dados divulgados ontem pelo Eurostat, gabinete estatístico da União Europeia, 18,5% da população nacional encontrava-se numa situação económica e social bastante precária, mesmo depois de receber os apoios sociais do Estado.

Dos 27 membros da UE, Portugal tem a décima percentagem mais elevada de cidadãos no limiar da pobreza, apenas superado por outras economias periféricas, alguns países de Leste e o Reino Unido. Quase 2 milhões de portugueses enfrentavam o risco de pobreza. Estes 18,5% ficam acima da média de UE (16,5%). O valor mais elevado pertence à Roménia (23,4%) e o mais baixo à República Checa (9%). No total do espaço comunitário, existiam 81 milhões de pessoas em risco de pobreza. A Comissão Europeia quer reduzir 20 milhões o número de cidadãos europeus em risco de pobreza ou exclusão social até 2020.

viver com privações O relatório do Eurostat inclui um indicador sobre o número de pessoas a viver em condições de elevadas privações materiais, nomeadamente que não tenham capacidade de pagar as prestações ou as contas da casa, ter a casa devidamente aquecida, férias, um carro, televisão a cores ou telefone. Em Portugal, um milhão de pessoas estavam nesta situação, isto é 9,7% da população, o que fica também acima da média comunitária de 8,5% . É o 11.o país com percentagem mais elevada.

No entanto, neste caso, Portugal fica bastante longe dos países nas piores situações. A Bulgária tem 41,2% da população nesta situação e a Roménia 32,9%.

Ainda neste documento, o Eurostat contabiliza o número de pessoas que pertencem a agregados familiares onde os adultos trabalharam, em média, menos de 20% do total do seu potencial de trabalho, durante esse ano. Este é o único indicador em que Portugal ficou acima da média da UE, com apenas 6,3%, em comparação com os 9% de média dos estados- -membros. 517 mil portugueses estavam nesta situação em 2008.

Os números não são positivos, mas é provável que uma análise actualizada revelasse um cenário ainda mais negro. O relatório do Eurostat foi elaborado a partir de dados de 2008, o ano em que rebentou a crise financeira que só alguns meses depois contaminaria a economia. Os dois anos seguintes foram bastante mais negativos para as famílias europeias com uma subida generalizada da taxa de desemprego e um agravamento generalizado das condições sociais.