Por António Marujo, in Público on-line
Igreja quer todas as paróquias mobilizadas contra a crise
Grupos de acção social em todas as paróquias católicas, mobilizados contra a crise. A proposta sairá amanhã do 27º Encontro Nacional de Pastoral Social, da Igreja Católica, como forma de responder às necessidades das famílias mais penalizadas pelas medidas de austeridade tomadas nos últimos meses pelos Governos – do PS, primeiro, do PSD-CDS, agora.
A indicação consta de um documento da Comissão Episcopal de Pastoral Social (CEPS), da Igreja Católica, que esta quinta-feira será divulgado em Fátima. Aqui decorre o encontro nacional que reúne 400 responsáveis de todo o país pela acção social católica.
“As paróquias têm que ter um serviço paroquial de acção social”, disse o presidente da CEPS, D. Carlos Azevedo, comentando aos jornalistas o objectivo do documento.
“Há paróquias que descansaram depois de terem um centro social paroquial”, acrescentou o bispo. Mas a acção social “abarca a saúde, as pessoas que estão um pouco à margem” e também os desempregados. Ora, acrescenta o bispo, as valências dos centros sociais “são mais voltadas para a infância e velhice e não tanto para estas novas situações”.
No documento que amanhã será oficializado, a comissão dos bispos diz que as paróquias devem mobilizar-se para criar um Serviço de Acção Social. Esta estrutura, que pode ser assumida por um Grupo Cáritas, deve ter como uma das funções básicas prestar ajuda em situações de grave carência ou catástrofe.
Nas iniciativas atribuídas a este serviço, o documento da CEPS diz que ele deve acolher directamente as pessoas em situação de carência, “cooperando com elas na consciência plena dos problemas, na procura de soluções e no perfil do seu projecto de vida, de modo a acompanhar cada caso social até à respectiva solução”.
Outra das incumbências desta estrutura de acção social das paróquias será “a prestação de serviços”, como ajudar alguém a pagar a renda da casa ou levar uma pessoa a uma consulta médica. Na sua acção, os grupos de acção social deverão dar “elevada prioridade à satisfação de necessidades básicas e diligenciando para que as pessoas apoiadas se libertem, logo que possível, da ajuda”.
Aos jornalistas, Carlos Azevedo explicou que a ideia é “responsabilizar voluntários” à semelhança do que acontece com serviços paroquiais como a catequese e a liturgia. É preciso “um grupo na paróquia que dê corpo ao atendimento das pessoas” que precisam e que vá “ao encontro das situações” de maior necessidade.
A estes grupos, acrescenta o bispo, deve caber também a tarefa de “recolher informações” que permitam ter “um verdadeiro quadro da real situação do país”.
Os bispos pretendem ainda que estes serviços trabalhem em rede com todos os movimentos e grupos que já existem, como as misericórdias e as instituições de solidariedade social. “Devemos aproveitar a experiência das instituições que já estão no terreno”, diz Carlos Azevedo.
“A Igreja não quer ser dona da acção social, quer participar, contribuir”, diz o bispo que preside à CEPS. “Se houver instituições que não têm a orientação da Igreja e estejam no terreno, [as paróquias] devem também articular-se e dialogar” com elas. “É necessário o esforço de todos” para apoiar os que mais sofrem com a crise, acrescenta Carlos Azevedo. Para que se dê “uma resposta verdadeiramente eficaz”.

