Por Ricardo Vieira Soares, in Público on-line
Pensar o “Presente no Futuro” é o lema do novo projecto da Fundação Francisco Manuel dos Santos. Um ciclo de debates para responder a perguntas como “Emigrar vai fazer parte do curriculum?” ou “As pessoas idosas conseguem começar vidas novas?”, entre muitas outras que pretendem “reunir factos e perspectivas” nas suas respostas.
O debate “Os Portugueses em 2030” tem o objectivo de prever “o que poderá ser a geração de portugueses daqui a 20 anos” e “discutir temas que não se falam em Portugal”, anunciou António Barreto, presidente da fundação. O sociólogo disse que a discussão irá “fugir aos lugares comuns” e apresentar as suas próprias “perspectivas do futuro”, acrescentou.
António Barreto indicou os dados provenientes dos Censos 2011 como o ponto de partida para a discussão, alertando para a dificuldade de prever a evolução demográfica. Deste modo, salientou o facto de realizarem a “discussão em moldes diferentes: sem ser à porta fechada e só para 200 ou 300 pessoas”, convidando a sociedade a participar, uma vez que a discussão “não é só para académicos”, finalizou. A organização espera receber cerca de 1200 pessoas no evento, que se realiza propositadamente no ano europeu para o envelhecimento activo.
O ciclo de debates será nos dias 14 e 15 de Setembro, no Centro Cultural de Belém em Lisboa, e contará mais de 60 oradores, dos quais se destacam Fernando Henrique Cardoso, sociólogo e antigo Presidente do Brasil, Andrew Zolli, especialista em inovação e futurologia global e Carl Haub, demógrafo e investigador visitante no Population Reference Bureau, ou os portugueses António Vitorino e Pacheco Pereira.
Para debater os quatro temas em cartaz (Envelhecimento e Conflito de Gerações; Famílias, Trabalho e Fecundidade; Desigualdade, Povoamento e Recursos; Fluxos Populacionais e Projectos de Futuro) os organizadores formularam “perguntas inquietantes”, que segundo Maria João Valente Rosa, directora do Pordata, pretendem “abrir janelas de conhecimento para as pessoas saberem com o que podem contar no futuro”. Para isso, serão avançados “cenários em primeira mão”, conclui.
A necessidade da sociedade portuguesa alcançar soluções para os seus próprios problemas é vincada por José Soares dos Santos, membro do conselho de administração da FFMS, ao afirmar que no passado “copiar os europeus dava a resposta aos nossos problemas, hoje os europeus não têm resposta para todos os problemas e Portugal deve criar as suas próprias respostas”. “Queremos começar a pensar hoje como é que se vão resolver os problemas de amanhã”, refere o administrador executivo do projecto.
O descendente de Francisco Manuel dos Santos, sublinhou a intenção da fundação em “providenciar informação livre” e contribuir para a formação dos cidadãos portugueses, criando o “hábito” de discutir. Assim, a FFMS vai realizar mais dois ciclos de debates, no próximo ano subordinado ao tema “Portugal e a Europa” e em 2014 sobre a liberdade, valor central no funcionamento da fundação para os três membros que fizeram a apresentação da conferência.

