João Cerejeira, in Económico
As perspectivas de vida de uma geração de jovens estão a ser destruídas, defende o professor.
João Cerejeira, economista e professor na Universidade do Minho, frisa que os apoios sociais são dispersos e devem ser simplificados.
A rede de prestações sociais precisa de ser refundada?
Sim, é necessário repensar as prestações sociais, fazer mais com menos recursos. Isto implica definir - e é uma questão política - quais são as prioridades. A prioridade pode ser diminuir a pobreza, melhorar a redistribuição dos rendimentos, ou a eficácia de alguns mercados, como o de trabalho.
O FMI diz que falta equidade e eficácia nos benefícios sociais. Concorda?
Temos uma dispersão muito grande dos apoios sociais, temos muitos instrumentos diferentes e que em alguns casos são incentivos negativos à entrada no mercado de trabalho. Por exemplo, para rendimentos muito baixos, a entrada no mercado de trabalho funciona como um imposto marginal, com uma taxa muito elevada. Se uma pessoa que recebe o rendimento social de inserção, um apoio na renda de casa, paga menos pelo acesso a consultas médicas, aceitar um emprego de baixo salário, automaticamente perde um conjunto de prestações sociais. Entrar no mercado de trabalho aparece como uma penalização muito grande.

