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Padre Lino Maia lamenta que os cortes salariais sejam maioritariamente para quem já ganha pouco.
Tal como grande parte das empresas, as instituições particulares de solidariedade social (IPSS) não vão conseguir aplicar já em Janeiro as novas tabelas de IRS. O presidente da Confederação das IPSS, padre Lino Maia diz que só será possível no mês que vem.
“Não há condições, portanto, temos estado atentos. Vamos procurar caminhar para que em Fevereiro seja possível, mas já temos Janeiro adiantado e não há de facto condições”.
Em entrevista à Renascença, ao início da tarde, o padre Lino Maia diz que concorda que o Estado é demasiado pesado, mas que os cortes estão a ser feitos nos locais errados.
“De algum modo concordarei mas penso que a questão não está bem colocada. Temos um Estado ainda pesado, mas não deve ser à custa dos direitos sociais que se deve reformar o Estado.”
“Temos de pensar em direitos sociais mas o acesso pode ser de algum modo ajustado às circunstâncias de cada um. Há uns que são direitos de cidadania, como é a educação e a saúde, esses são universais e absolutos, depois há outros que são coadjuvantes, existenciais, e cada um deve aceder a eles conforme o que tem, comparticipando de algum modo”, considera.
No que diz respeito a cortes salariais o sacerdote mostra-se de acordo, em princípio, mas lamenta que sejam os salários mais baixos a sofrer: “Claro que eu admitirei algum corte nos salários, mas não como tem sido colocada a situação. Quando se fala em cortes é para aqueles que ganham pouco ou muito pouco.”
Este é um problema que já vem de trás, insiste: “Durante vários anos tivemos a caminhar mal, porque o aumento era sempre percentual. Provavelmente se houvesse um aumento não proporcional ao que se ganha, mas aqueles que ganham muito aumentarem pouco e os que ganham pouco aumentarem mais, teríamos reduzido o fosso entre os poucos que ganham muitíssimo e os muitos que ganham pouco.”

