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3.8.23

Crescimento da economia portuguesa em 2023 sob pressão

Sónia M. Lourenço Jornalista e Carlos Esteves Jornalista infográfico,  in Expresso
Segundo trimestre ficou abaixo do esperado e dados apontam para um arrefecimento da atividade em julho, no arranque do terceiro trimestre


Depois de sucessivas melhorias das projeções de crescimento em 2023, a economia portuguesa arrisca agora um movimento contrário, de revisão em baixa. O segundo trimestre ficou aquém do esperado pela maioria dos economistas — muito por causa das exportações, num contexto de estagnação económica da União Europeia (UE), com os juros em forte alta devido à política do Banco Central Europeu (BCE) para contrariar a inflação. E os primeiros dados sobre o terceiro trimestre apontam para um arrefecimento adicional da atividade. Conseguir crescer acima dos 2,5% este ano ficou mais difícil e mais longe.

Os economistas ouvidos pelo Expresso sobre o comportamento da economia portuguesa no segundo trimestre apontavam, em média, para um crescimento de 2,5% em termos homólogos (na comparação com o mesmo período de 2022), e de 0,2% em cadeia (em relação ao trimestre anterior). Mas, os dados da estimativa rápida do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicados esta semana, ficaram pelos 2,3% homólogos e zero em cadeia.

Números que colocam o país entre os que mais cresceram na UE face a 2022 (considerando os Estados-membros já com dados disponíveis), embora ficando muito pior classificado na comparação com o primeiro trimestre.

Mas, que significam uma forte travagem da economia portuguesa face aos primeiros três meses do ano, quando o crescimento chegou aos 3,5% homólogos e aos 1,6% em cadeia.

Ainda assim, uma nota de análise da Católica-Lisbon aponta que “não deve ser interpretado como uma paragem no processo de crescimento em curso, mas como uma possível correção do registo surpreendentemente bom do primeiro trimestre do ano”.


EXPORTAÇÕES ARREFECEM

A explicação para esta travagem está, sobretudo, na frente externa. Ainda não há detalhes, mas o INE adianta que o contributo positivo da procura externa líquida para o crescimento homólogo do Produto Interno Bruto (PIB) foi inferior, com um abrandamento das exportações mais marcado que o das importações. Em sentido inverso, o contributo positivo da procura interna aumentou, graças a uma redução menos pronunciada do investimento, já que o consumo privado abrandou.

Quanto à variação em cadeia do PIB, o contributo da procura externa líquida foi negativo — tinha sido positivo no primeiros trimestres —, por causa das exportações. O que contrariou o aumento do contributo da procura interna, refletindo a aceleração do consumo privado.

Este enfraquecimento das exportações “resulta, muito possivelmente, de uma queda nas vendas de bens ao exterior”, aponta uma nota de análise do BPI, lembrando que a “informação da balança corrente (valores nominais) indica contração das exportações de bens, mas continua a indicar forte crescimento das exportações de serviços, nomeadamente turismo”.

Isto quando a economia europeia continua em dificuldades. A UE representa mais de 70% das exportações portuguesas de bens e estagnou em cadeia no segundo trimestre. E não se esperam grandes melhorias para breve, dada a inflação ainda elevada e a trajetória de subida dos juros.

“O caso mais problemático é a Alemanha”, salienta António Ascensão Costa, professor do ISEG. O motor da economia europeia continua gripado, com um crescimento zero em cadeia no segundo trimestre, depois de dois trimestres consecutivos de contração.

“Isto é mau para a economia portuguesa, diretamente através de exportações, e indiretamente porque o crescimento alemão pesa sobre outros países clientes de Portugal”, vinca o economista. “Dificilmente, se um período de estagnação ou fraco crescimento se prolongar na Alemanha, ele não se traduzirá em menor crescimento em Portugal”, alerta.

Ao mesmo tempo, “as exportações turísticas alcançaram e superaram o nível de 2019 e agora o seu crescimento começa a desacelerar”, diz António Ascensão Costa.

“Apesar do bom momento das exportações de bens e de serviços, começa a observar-se uma desaceleração, em especial considerando que em 2022 já houve máximos pós-2019”, aponta, por sua vez, Rui Constantino, economista-chefe do Santander em Portugal.


SINAIS MISTOS PARA O SEGUNDO SEMESTRE

Olhando para a segunda metade do ano, Rui Constantino considera que os sinais são “mistos”. Pela positiva, destaca os baixos níveis de desemprego — a taxa de desemprego manteve-se inalterada em junho nos 6,4% —, “reflexo de uma economia a operar no pleno emprego”, a recuperação da confiança dos consumidores e o seu reflexo nas vendas a retalho. Em sentido contrário, “é visível um abrandamento no turismo”.

A informação disponível sobre o terceiro trimestre é ainda escassa, destacando-se os indicadores de confiança apurados pelo INE. E o que nos dizem é que a confiança dos consumidores continua a recuperar, apoiada no baixo desemprego, mas a confiança dos empresários retrocedeu ligeiramente. “Os dados são consistentes com uma economia a crescer, mas de forma moderada”, diz Rui Constantino.


João Borges de Assunção, professor da Católica-Lisbon, é mais conservador, considerando que os dados “têm saído, em, geral, bastante fracos”. E destaca que o indicador diário de atividade económica, calculado pelo Banco de Portugal, “sugere até a possibilidade de uma contração”.


ara António Ascensão Costa, “na segunda metade do ano, o crescimento do PIB terá de ter maior peso da procura interna, nomeadamente investimento”. Caso contrário “dificilmente atingirá cerca de 2,5%” no conjunto de 2023, defende.

O economista lembra que um crescimento só baseado na procura externa líquida, como aconteceu em Portugal no primeiro trimestre deste ano, “é um caso invulgar”. Ainda assim, “pode acontecer que as Jornadas Mundiais da Juventude acabem por gerar um contributo do mesmo tipo” no terceiro trimestre.

Tudo somado, a Católica-Lisbon mantém a sua projeção de crescimento da economia portuguesa este ano nos 2,4%. O ISEG não mexe na previsão de 2,5%, mas António Ascensão Costa aponta “incerteza”. Quanto ao Santander, que aponta para 2,6%, Rui Constantino avisa que os dados sobre o segundo trimestre “teriam como impacto uma revisão ligeira em baixa”. Mas “iremos aguardar pelos detalhes, e por informação mais concreta sobre a atividade no decurso do terceiro trimestre”, diz.

Para o BPI, os números do segundo trimestre “colocam alguma pressão” sobre a projeção de 2,6%, até porque “o indicador diário de atividade do Banco de Portugal aponta para uma desaceleração significativa da atividade em julho”, lê-se numa nota de análise.

Acresce a “expectativa de que o endurecimento das condições de financiamento pesarão nas decisões dos agentes económicos durante o resto do ano”, aponta a mesma nota do BPI, salientando, pela positiva, que “o mercado de trabalho continua robusto, dando algum suporte ao consumo privado, e o comportamento da atividade turística”.

Recorde-se que a Comissão Europeia aponta para um crescimento da economia portuguesa este ano de 2,4%, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico espera 2,5%, o Fundo Monetário Internacional antecipa 2,6% e o Banco de Portugal projeta 2,7%.

13.9.18

FMI pede o dobro do esforço orçamental antes do abrandamento económico

Marta Moitinho Oliveira, in EcoOnline

No relatório sobre Portugal, Washington prevê que a economia vai abrandar este ano, mas o desemprego vai continuar a cair. Além disso, avisa para a necessidade de antecipar o ajustamento orçamental.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) defende que Portugal devia duplicar o esforço de ajustamento orçamental este ano e no próximo, já que depois disso a economia vai começar a perder força. A recomendação ao Governo português consta do relatório elaborado ao abrigo do Artigo IV, publicado esta quinta-feira, e surge a um mês da entrega do último Orçamento da legislatura.

A instituição liderada por Christine Lagarde afirma que as autoridades nacionais deviam “tirar vantagem” do atual momento económico e antecipar os seus planos orçamentais. De acordo com o Programa de Estabilidade, publicado em abril, o Governo português prevê uma correção do saldo primário estrutural de 1,5 pontos entre 2018 e 2022.

O esforço acumulado reservado para 2018 e 2019 é de 0,5 pontos, prevê o Fundo, sublinhando que “quase todo o esforço” é feito em 2020 e 2021, “quando a equipa de técnicos do Fundo prevê que o crescimento económico seja mais fraco”. No final do horizonte de projeção, em 2023, o Fundo espera que o PIB esteja a crescer apenas 1,3%, cerca de metade do que aumentou em 2017, o que deverá ser o melhor resultado até esse ano desde o ano 2000.

É, neste contexto, que o Fundo pede uma antecipação dos esforços de consolidação orçamental, deixando uma sugestão ao Executivo. “Especificamente, as autoridades nacionais deviam considerar um aperto de 1 ponto do PIB no saldo primário estrutural acumulado em 2018-2019″, escreve o FMI.

O saldo primário estrutural é igual ao saldo orçamental, descontada a fatura com juros da dívida pública e os efeitos de medidas irrepetíveis. Por este motivo é considerada uma medida mais aproximada para avaliar o verdadeiro esforço de consolidação orçamental.

Os avisos quanto à necessidade de antecipar os esforços orçamentais, aproveitando a conjuntura, têm sido recorrentes por parte das organizações internacionais que acompanham a economia nacional. Desta vez, o Fundo decidiu quantificar o objetivo. Também as áreas de alerta se mantêm inalteradas: folha salarial da Função Pública, pensões e saúde.
O relatório publicado esta quinta-feira foi aprovado pelo board do FMI a 7 de setembro, tem data de 21 de agosto. As equipas do FMI estiveram em Lisboa e no Porto entre 16 e 29 de maio, tendo a instituição dado conta nessa altura das conclusões principais.

Por este motivo, no relatório conhecido esta quinta-feira não eram esperadas alterações nas projeções do PIB, do défice e do desemprego. E foi o que aconteceu. O Fundo continua a prever um crescimento económico de 2,3% este ano e 1,8% em 2019. Esta última projeção põe, no entanto, alguma pressão sobre o Governo que está a construir o cenário macroeconómico no âmbito do Orçamento do Estado para 2019 e cuja última previsão apontava para um crescimento do PIB de 2,3%, traduzindo-se numa estabilização face a 2018.
Embora mantenha a previsão de crescimento económico igual para 2018 e 2019, o FMI mudou de opinião quanto às causas para aquela evolução. O Fundo acredita agora que o consumo público terá um crescimento maior do que esperava em abril, apontando para uma taxa de crescimento de 1,9%, contra 1,4%. Nas restantes componentes que formam o PIB, o Fundo espera taxas de crescimento inferiores, incluindo nas importações.

Apesar de esperar um abrandamento económico já este ano face a 2017, a taxa de desemprego vai voltar a cair. Segundo as previsões da instituição liderada por Christine Lagarde, esta taxa vai baixar de 8,9% no ano passado, para 7,3% este ano, recuando depois de novo em 2019, para 6,7%. Uma evolução suportada pelo “crescimento sustentado do emprego”, explica o Fundo.

Também quanto ao défice e à dívida, o Fundo mantém as mesmas previsões que tinha feito em maio. No caso do défice, o FMI aponta para 0,7% e 0,3% do PIB, e 2018 e 2019, neste último caso uma décima pior do que as últimas metas do Governo, que estão em reavaliação no âmbito do Orçamento do Estado para 2019.

No relatório, o FMI mantém também inalteradas as previsões para a dívida pública (120,8% este ano e 117,2% em 2019) e elogia o facto de o Governo estar empenhado na redução da dívida pública. O Fundo chega mesmo a projetar que, se não houver alterações na trajetória do saldo primário estrutural e surpresas no lado da despesa, a dívida pode recuar para 103% em 2023, uma meta próxima da fixada pelo Executivo. No entanto, o Fundo identifica um conjunto de riscos que podem adiar a trajetória de redução da dívida pública, relacionados com a conjuntura económica e eventuais choques financeiros.


14.11.14

Crescimento económico abrandou do segundo para o terceiro trimestre

in Jornal de Notícias

A economia portuguesa cresceu 0,2% no terceiro trimestre e 1,0% face a igual período do ano passado, segundo dados divulgados, esta sexta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística. No entanto, o ritmo de crescimento abrandou do segundo para o terceiro trimestre.

A estimativa rápida divulgada, esta sexta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística mostra, assim, que a economia portuguesa acelerou em termos homólogos, já que no segundo trimestre do ano havia crescido 0,9%.

Já na evolução em cadeia, com um crescimento de 0,2% no terceiro trimestre, a economia desacelerou face ao crescimento de 0,3% registado no segundo trimestre.

"O Produto Interno Bruto (PIB) registou, em termos homólogos, um aumento de 1,0% em volume no terceiro trimestre de 2014, após a variação de 0,9% observada no segundo trimestre, de acordo com a estimativa rápida das Contas Nacionais Trimestrais", lê-se nos dados divulgados pelo INE.

A justificar a aceleração da economia em termos homólogos esteve um "contributo positivo mais intenso" da procura interna, enquanto a procura externa foi mais negativa.

"A procura interna apresentou um contributo positivo mais intenso para a variação homóloga do PIB no terceiro trimestre, refletindo sobretudo a evolução das despesas de consumo final das famílias residentes", sublinha o INE, adiantando que, pelo contrário, "a procura externa líquida registou um contributo negativo mais significativo no terceiro trimestre, devido à aceleração das importações de bens e serviços, tendo as exportações de bens e serviços apresentado um crescimento próximo do verificado no trimestre anterior".

Para justificar a subida do PIB de 0,2% em cadeia face aos 0,3% no segundo trimestre, o INE destaca o aumento das despesas de consumo final das famílias residentes.

O INE dá ainda conta que as estimativas hoje divulgadas incorporam revisões na informação de base utilizada, nomeadamente "decorrentes da utilização dos dados mais recentes do comércio internacional de bens, com revisões em termos nominais e ao nível dos deflatores para o 2º trimestre de 2014".

Este novo conjunto de informação, acrescenta, não implicou revisões nas taxas de variação homóloga e em cadeia do PIB no 2.º trimestre de 2014, período em que a economia cresceu 0,3% em cadeia e 0,9% em termos homólogos.

Os dados hoje divulgados pelo INE são uma estimativa rápida relativa ao terceiro trimestre, não se substituindo à divulgação habitual das Contas Nacionais Trimestrais (também designada por estimativa corrente), a divulgar no próximo dia 28.

13.9.12

Indicadores avançados ainda sem efeitos da nova austeridade - OCDE vê a deterioração da economia portuguesa a abrandar nos próximos meses

in Público on-line

A economia portuguesa poderá melhorar nos próximos meses, segundo os indicadores avançados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

Os indicadores compósitos avançados da OCDE para Portugal subiram em Julho para 98,46% da média da série – em Junho, estavam nos 98,24%. Foi o quarto mês consecutivo em que os indicadores para Portugal subiram.

Os dados hoje avançados não têm, no entanto, em conta o efeito das medidas de austeridade que entretanto o Governo anunciou, pelo não se pode considerar que tenham um poder preditivo significativo para Portugal.

Os indicadores avançados da OCDE visam prever pontos de viragem na tendência da actividade económica nos seis a nove meses seguintes. Ou seja: um ponto de viragem nos indicadores da OCDE (por exemplo, uma retoma) é seguido seis meses depois pela economia real.

A inversão da tendência de quebra que se registava há quase um ano significa que a deterioração da economia deverá abrandar nos meses seguintes.

Degradação na zona euro

Apesar desta ligeira inversão no caso português, para o resto da zona euro a OCDE aponta para a degradação da situação económica.

Em Julho, os indicadores recuaram muito ligeiramente tanto na zona euro (menos 0,09%) como na média da OCDE (menos 0,05%). A avaliação da OCDE para a zona euro é de “abrandamento”.

O Governo prevê que este ano a economia de Portugal se contraia 3,0%, e que em 2013 volte a cair 1,0%.